Que venham as pedras

Eu tenho estado domada demais, já falei disso. Não quero mais deixar de expressar opiniões por medo de ofender alguém ou de ser mal interpretada, principalmente aqui – afinal, essa Casa é do Cacete e só não é do caralho mesmo porque eu tentei ser menos desbocada, e é minha – então, não vou nem pedir desculpas de antemão ou coisa do tipo. É a minha opinião, todo mundo deu a sua, por que eu não poderia fazê-lo?

Eu amo os Jogos Olímpicos. Sempre amei. São, para mim, o que pode haver de mais pacífico, belo, respeitoso e puro num mundo torto e idiótico como o nosso de hoje. Amo o esporte em geral, e vocês sabem por quê? Porque ganha quem mais se dedica, quem mais treina, quem mais dá seu sangue e seu suor, quem mais quer. Como disse Cazuza sobre a ‘hora da sessão coruja’, só entende quem namora. Quem namora, namorou, casou ou simplesmente ama o esporte, mesmo que seja de forma platônica. Joguei (mal) handball dos 11 aos 21 anos, no colégio e na faculdade, joguei basquete na faculdade porque era alta e jogava vôlei na plataforma uma vez por semana, pelo menos, só pelo prazer de suar a camisa fazendo um esporte. Fui chefe de bandeira nas Olimpíadas do meu colégio. Viro noites (quando necessário) para assistir aos Jogos Olímpicos desde que minha mãe desistiu de me fazer dormir, em 1992, durante as Olimpíadas de Barcelona. Além de nunca ter perdido uma corrida do Senna desde o JPS preto, que era a minha paixão e fazia meus olhos de menina brilharem mais do que quando ganhava uma Barbie nova.

Enfim, esportes me encantam e me fazem acreditar em um mundo melhor, por várias razões distintas: em primeiro lugar, porque fazem bem – e gente saudável é sempre melhor do que gente doente. Mas ver delegações com UM atleta, de países que muitos não sabem nem existir, ver a vontade de alguém de ir, lutar por patrocínio, grana, me emociona. Aquele UM ta lá na China pra mostrar que é vitorioso – claro que já é, o cara foi sozinho, nenhum compatriota pra dividir nem o alojamento. Ver um milionário do basquete como o Kobe Bryant ao lado de todos os ilustres desconhecidos americanos e, ainda assim, feliz e misturado, me faz lembrar que, apesar de bem-sucedido, milionário e altamente em forma, ele caga igualzinho a mim; ver caras como o Ginóbili, que estava machucado e se recuperou pra defender o país dele e fazer o que ama na vida (outro cara que não precisa se preocupar com aposentadoria) também é muito bom. Ver as mulheres muçulmanas de diversos países pulando livres e sem os rostos tampados, jogando, lutando, fazendo o que for, simplesmente porque elas PODEM, vale só pela cena, mesmo que elas estejam jogando Badminton.

Dada a minha opinião sobre OS JOGOS, concluo com o seguinte: eu quero que o Bush se foda, o Lula também, que o presidente da China seja pisoteado pelos monges tibetanos e que as Coréias se explodam simultaneamente, se isso for preciso para viver num mundo melhor, só pra resumir. Mas nada disso tem absolutamente nada a ver com os Jogos Olímpicos, porque Olímpia é lá, até que a Pira se apague. Pequim é simplesmente um espaço usado para que a maior festa de pessoas saudáveis e vitoriosas do mundo se realize, nada mais. Ninguém aqui vai pra frente da tevê, durante os Jogos, avaliar o regime político da China nem o massacre no Tibet – que, aliás, muita gente só veio a conhecer graças aos Jogos, não é mesmo? – muito menos a política paternalista do Lula. Eu vou torcer pra seleção de Handball, xingar um bocado de atleta e admirar a superação de limites de cada mulher e homem lá. Há quem diga que os Jogos são parte da política ‘panis et circenses’. Para estes, pessoas como Ayrton Senna, Pelé, Garrincha e Oscar Schmidt são meros palhaços, creio eu – o que seria, no mínimo, falta de respeito. Circo, pra mim, é outra coisa bem diferente do que gente que vence através de seu próprio trabalho e esforço – o que deveria ser, pro tal mundo melhor e para todos os ditos porta-vozes, um modelo a seguir.

Passarei os próximos dias virando noites e torcendo, e isso é problema meu. Este post também é a minha opinião, e dou graças a Deus pela diversidade destas. Mas, sinceramente, eu precisava escrever isso aqui – e já fazia tempo.

6 comentários:

Garotas de Vinte e Poucos disse...

É isso ai!!!
Aline, admiro mto quem tem esse espírito esportivo. Infelizmente não me incluo nessa categoria, mas claro que vou dar a minha torcidinha também pelas madrugadas...

Big beijo
*Lala*

Aline T.H. disse...

Lala, brigada. Eu só acho que ninguém precisa amar, mas como diz o ditado, 'o que é de gosto, regalo da vida'...

Beijoca!

iaiá disse...

sou viciada em esportes..
joguei vôlei...mas adoro assistir de tudo e quase não estou dormindo desde que começou. sempre é assim ...rs
os nossos políticos não vão dissociar os seus objetivos de imagem dos jogos, a cena política está presente lá, basta ve quem o bushinho escolheu de porat bandeiar na cerimônai de abertura....
mas eu que adoro política, e mesmo coma gerra na georgia, mando tudo às favas nessa hoars pelo prazer de assistir essse povo que luta contar si mesmo par estar lá e dar show..
bjs

Aline T.H. disse...

Iara, AMÉM! Alguém me entende, ufa!!!

Beijocas e seja sempre bem-vinda!

Unknown disse...

Adoro esporte.
Jogo handball pela faculdade, arrisco um mínimo no futebol e de resto eu apenas admiro - e admito minha incompetência pra eles...

Mas Olimpíada, eu não assisto mais.
Entendo seu lado e pensava assim até algum tempo atrás.
Antes, as guerras paravam, porque era chamado dos deuses que os atletas comparecessem e disputassem. Muitas vezes, era a vitória deles que resolvia a tal guerra - se o atleta de tal polis foi ssagrado campeão pelos deuses, quem eram os reis pra discutir? - e era bonito de ver... Pena que não vivi nessa época. Nasci na época onde estudamos sobre Olimpíadas que foram adiadas porque havia guerra.
Hoje elas são meros instrumentos de política. "Olimpenis Contest" entre as tão chamadas "nações soberanas" que não conhecem nem o paradeiro dos próprios narizes. Trata-se de fazer um lindo espetáculo de abertura e encerramento e entupir seus atletas de esteróides indetectáveis pa que eles vençam todas e sejam os melhores. Sim, tem exemplos lindos de galhardia - você citou no seu post - mas a regra geral é essa. E a beleza do esporte acaba esmagada por esse paquiderme chamado "demonstração de poder".
Eu tenho uma visão azeda das coisas...

Adorei o blog ^^

Aline T.H. disse...

Lekkerding, bem-vinda! E não acho que seja azeda, não... Realista, crua. Viva as diferenças! E 'nata' da blogosfera?! Não, só mais uma doida jogando palavras na tela...

Beijoca! Tb espero vc por aqui!

Acabou. Boa sorte!

Em pleno 2020, em plena pandemia, em um momento onde a maioria está passando por uma mudança radical em suas vidas, resolvi voltar aqui e s...