Delete

A palavra nem é original da língua, mas graças aos computadores virou corriqueira no vocabulário de todos nós. Não tá legal? Deleta. Não gostou da roupa? Deleta do armário! Aquela frase que te disseram não soou bem? Deleta da memória que fica tudo em paz de novo. Não é assim que funciona hoje em dia? Eu vejo cada vez mais disso por aí, em todos os lugares, ambientes e níveis sociais. E realmente deletar é o novo preto, porque isenta a gente de consequências, não? Deletando, não tem depois, não tem pergunta, não tem pensar. Se você der um Shift+Del, então, nem vestígio sobra, não é mesmo? Nem vai pra lixeira nenhuma, nem num canto escuro fica.

De-le-tar. Antigamente diríamos excluir e, desta forma, seria pesado demais pensar em excluir um pensamento, um momento ou uma pessoa. Mas deletar é mais fácil, é cool, é in, alguns dizem ser até necessário, vejam só. Deletar resolve o problema na hora. Eu sou a favor do delete amplo e irrestrito, de mandar tudo e todos que não me servem pra longe, pra lixeira, pra fora da minha tela da vida. Só que eu vim sem esse botão no meu teclado. Mais um defeito meu, fazer o quê...

Se bem que eu não considero um defeito - talvez eu seja só um produto de uma era nada hi-tech. Talvez eu seja uma máquina de escrever e não um computador. Talvez eu seja um papiro, ou mesmo um conjunto de pedra colorida/parede de caverna! Eu não sei simplesmente deletar automaticamente, como quem aperta um botão. Eu até excluo - e aí, sim, com a força dessa palavra mesmo, a original - mas antes eu defino o porquê da exclusão, não saio por aí simplesmente varrendo as coisas do nada. Tudo pra mim tem significado, bom ou ruim, e os significados ruins tem, às vezes, mais valor que os bons, porque eles ensinam a não repetirmos os erros - por que diabos, então, eu vou simplesmente esquecer e deixar de lado uma lição? Chamem de mania de professora, chamem de saudosismo, desculpa esfarrapada, do que quiserem, mas eu sou assim. Eu sou covarde, já me disseram. Whatever.

Eu sinceramente admiro quem saiba deletar, penso que eu poderia evitar um milhão de pensamentos, situações, sapos engolidos e xingamentos gritados pra dentro, se eu fosse assim. Mas nem é questão de aprender, não - não se aprende a ter outro tipo de personalidade, é fato. Eu preciso é aprender, sim, a não downlodear algumas coisas, pessoas, situações e frases, pra não precisar passar pelo processo de exclusão: simplesmente aprender a dizer "no, thanks" pra algumas coisas e passar sem elas.

A merda é que eu sou curiosa pra caralho e sempre quero pagar pra ver.

10 comentários:

Sisa disse...

Quando eu escrevia no De Repente 30, fiz um post falando sobre pessoas descartáveis. Um dos amigos "descartados" (e depois "reciclado") inclusive comentou lá. Eu sou assim, pra eu resolver deletar, tem que tem bons e fortes motivos. Mas se eu resolvo, dependendo pode ser um del (caso do meu amigo) ou em alguns casos é mesmo shift+del. Porque tem coisa que é pra nunca mais voltar.
Beijo, moça =)

Renata disse...

Sabe que eu tb tenho esse defeito...tb não vim com o botão "delete"!! Duro isso, né?? Acumula tanta coisa...
beijos, querida!

A Outra disse...

nada nao. só saudades.

beijos.

Unknown disse...

Você não precisa deletar nada, mas também não precisa deixar o programa ativo em você...
Feche o browser e siga operando. E pode deixar que o próprio sistema se encarrega desse arquivo... Se for pra deletar, vai deletar.
E well... Vamos viver a vida. Tem coisas que não valem a pena. Tem coisas que por mais que a gente se afeiçoe e abra a porta pra entrar, são pequenas e comezinhas demais. E nós somos grandes, hunny. Nós nascemos grandes. As coisas pequenas e as pessoas pequenas desejam isso que temos - e elas costumam achar jeito de diminuir isso, assim elas dormem à noite. Mas nós somos mais que isso. Elas passam. Às vezes deixam marca, mas nada que não seja carregado pelo vento... Então dá um pause básico e segue o seu caminho. O Windows depois vai desfragmentar o disco e decidir o que fazer com esse arquivo falho que tanto te incomoda.

A Outra disse...

hunf.
eu mandei email...
recebeu nao?
atorreshomem... aquele danado!
ehehehhehe
voltando ao normal aos pouquinhos.

Mr. T disse...

Me ensina a deletar se vc aprender algum dia?

Renata (impermeável a) disse...

Não sei deletar. Mas, aprendi a ser impermeável...rsrsrsr

Quer dicas? (rs)

Acho mesmo que deletar é da mesma época do descartável! Deletar o descartável, vá, se não é fácil!?

O que mais me entristece é a maneira como se deleta o carinho, "o se importar com o outro". É triste............

gostei muito da crônica!

Danielle Balata disse...

Deletar?

Acho que vou começar a usar essa tecla mais vezes na minha vida..

Saudades de vim aqui :*

Anônimo disse...

Putz, e é nossa curiosidade que mtas vezes põe tudo a perder...


Depois de mtas lambadas aprendi a dizer não, em alto e bom som, mas demorou, viu?! Jésus...Tive que me ferrar bastante até isso acontecer

Depois que tu aprendes, a vida fica bem melhor, mais "enxuta", com pessoas e coisas que vc quer, que não foi um download sem querer; tá ali pq vc quer!Vc escolheu assim...Bem melhor...Use filtro na vida e anti spam tbm, kaposiaoskopska


Beijos!

Anônimo disse...

Melhor instalar a tecla "Foda-se"!
Não trava!

Acabou. Boa sorte!

Em pleno 2020, em plena pandemia, em um momento onde a maioria está passando por uma mudança radical em suas vidas, resolvi voltar aqui e s...