Passa.

O mal da vida da gente é passar. Porque tudo que passa, como o próprio verbo já diz, é volátil, volante, instantâneo. A vida da gente deveria ser, estar, mas nunca passar. Passando, a vida não é lá nada muito útil pra nós mesmos, além do acúmulo de dias e, quem sabe, de dinheiro - que, cá entre nós, nunca acumula de verdade. Quando o dia passa (vamos diminuir a quantidade da coisa, limitá-la, pra ver se alguém pensa nisso sem tanta preguiça), você não guarda nada dele; quando o dia é, foi ou está sendo algo mais, mesmo que ruim, algo se guarda, se aprende, se leva e se ganha. Mesmo perdendo.

A minha vida anda passando. Passou meu aniversário, passaram-se os dias até a antevéspera de Natal deste ano, passou a festa dos amigos, passou um monte de coisa por mim. Pouco ficou. Vejo as coisas como que sentada numa poltrona e de frente pra uma tevê feia, velha, cheia de chuviscos e meio suja até - sem nenhuma interatividade. Um belo momento eu vivi há quase um mês, quando dois dos maiores amigos casaram; outro, quando as amigas estiveram aqui, há umas quase duas semanas. Há um lindo momento vindo por aí daqui a exatamente um mês, e eu não quero ver passar simplesmente - porque eu já vi a organização dele passar muito mais do que eu gostaria. Não quero que passe.

Mas... como faz? Acho que desaprendi, mesmo com esses dois momentos que aconteceram tão recentemente tentando me ensinar de novo. Porque mal os momentos acabaram, tudo voltou a passar. Os dias voltaram a ter apenas 24h e mais nada: nem um sonho, nem um pensamento. Passaram assim, como se não precisassem da minha anuência pra isso. Os meus dias, hoje, me governam, ao contrário de como deve ser. E eu, sinceramente, não sei nem por onde começar pra inverter essa situação.

Ao menos não nesta noite.

3 comentários:

Unknown disse...

É mal de sagitariana isso?

Sinto-me igual.

PS: Adivinha quem é?

Sisa disse...

Este ano, no meu aniversário de 30 anos, meu melhor amigo me mandou 3 tulipas. Não existe nenhuma flor no mundo que me agrade mais que tulipa, mas elas duram tão pouco... tirei muitas fotos porque sabia que elas iam morrer logo. Três dias depois, quando a única coisa que restava era o mau cheiro, eu falei que estava arrasada, e ele disse "pare de se apegar às coisas, aos momentos. Tudo tem que passar. O negócio é tirar proveito de tudo, ao invés de sofrer porque não pode eternizar". De alguma forma isso é meio clichê, mas por outro lado naquele momento fez muito sentido. O que não me impediu de chorar mais pelas tulipas mortas, rs.

Beijos, queridona. Feliz 2010 pra nós!

Diane Lorde disse...

Que em 2010 você possa participar mais da sua própria vida! Felicidade e saúde sempre para estes novos rumos!

Acabou. Boa sorte!

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