Direito de Resposta à amiga

A Lekkerding escreveu um post sobre política, ridículos, conformismo e outros aspectos da mesma coisa: a merda que isso aqui está e a falta de horizonte para que melhore. Eu já queria falar disso aqui, mas andava com uma "preguiça" (aka falta de paciência com possíveis chatos que venham a ler) danada e... Resolvi deixar a preguiça de lado. Numa segunda-feira à noite - e que meu mestre Garfield me perdoe por mais esta blasfêmia.

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Bem, eu não estou acostumada. Conformada? Também não. Só que... Bem, vamos por partes:
Eu (como você, os citados e o resto do povo que vive neste país) escolho, sim, quem vai administrar o meu patrimônio. Até aí, estamos de acordo. O que acontece é que eu preciso ganhar dinheiro para viver. Como decidi ser uma pessoa honesta e seguidora da lei, trabalho. Para ter um bom emprego quando chegasse à idade na qual estou, fiz esforços e sacrifícios: estudei num dos melhores colégios do Rio de Janeiro, me formei em Inglês (com diplomaS de Cambridge) aos dezoito anos - e, veja você, na mesma época em que fui aprovada nas três maiores universidades públicas do mesmo Rio de Janeiro pra alguns dos cursos com maior relação candidato/vaga. Pelas informações que já coloquei aqui, dá pra ver que sou uma pessoa capacitada, inteligente e instruída, certo? Ok então, sigamos em frente.

Quando eu tinha 11 anos, em 1989, houve o episódio do "Fora Collor". Eu fui pra rua, de cara pintada, naquela que seria a minha primeira experiência real quanto à política. Estudei, como disse, num dos melhores colégios do Rio de Janeiro e que é público (ou seja, passeatas e ameaças de redução de verbas foram meu dia-a-dia, além de greves). Ontem, um domingo, dia no qual normalmente descanso a fim de encarar a pedreira semanal que se apresenta em minha frente toda segunda-feira, fui pra Praia de Copacabana participar da passeata do Humor Sem Censura. Fui para apoiar - tá, eu tietei o Leo Jaime, porque faço isso há anos, desde quando este blog ainda pertencia a uma menina grande e mimada - e fiquei até o fim, mesmo estando com um salto alto filho duma puta que deixou meu pé cheio de bolhas.

Conheço melhor do que muitos adEvogados ativos e praticantes a CRFB. AMO o Direito - ou o que ele deveria ser, ao menos - e sempre me interesso em ler cartas-proposta de quem penso em votar. Rio do horário político, em geral, porque estou cansada de chorar e este ato dá rugas. Sou, sim, chefe desta porra, como você disse, mas acho que pago bem o suficiente pros meus empregados. E, olha, não só pros que Executam, mas pros que Legislam e pros que Judicionam, que estão aí aprovando leis em forma de autopromoção e julgando conforme lhes pareça mais proveitoso, poucas vezes sendo úteis ou JUSTOS.

Sou chefe? Sim. Somos? Sim. Mas contratei assistentes (mais que) suficientes para que eu possa gozar a minha vida de chefe e me divertir com o que ganho TRABALHAR. TRABALHAR, sim, para ganhar um salário que vem com muito sacrifício, suor e abandonos de momentos em família - e nem assim me permite deixar de ser equilibrista com as contas que tenho a pagar. Sim, sou chefe, sou culpável pelos meus empregados que não rendem ou que roubam, mas a culpa é muito, muito anterior ao meu nascimento. Ou dos meus pais - ou mesmo avós. Talvez à época do meu tataravô, que foi Barão, encontrássemos os culpados e pudéssemos enchê-los de porrada. Mas como não dá pra ser (ainda), vamos, sim, assumir nossos papéis. Ao menos o tanto quanto eu possa manter meu emprego e pagar minhas contas.

Fotos tiradas por mim na passeata pelo Humor Sem Censura ontem, dia 22 de agosto de 2010, na Praia de Copacabana. Coloquei a foto do Danilo Gentili entrevistando o Deputado Chico Alencar, que estudou no mesmo excelente colégio que eu, porque gosto dele. E porque os cartazes com os dizeres do Barão de Itararé mostram que a merda vem de muito, muito tempo.

Um comentário:

Unknown disse...

Sabe que empregado sem supervisão fica folgado. Você sabe, você isso nessa antesala dantesca onde trabalha.

Então, por mais que a gente queira férias perpétuas, tem que fazer o Harry Flint. Porque o povo folgado tem que saber quem manda e quem paga o salário no fim do mês pra fazer tudo direitinho. E se o chefe nunca aparece... Como fica? Fica assim... É, assim.

Bom, não sou herdeira, tenho que acordar cedo, então lá vou. =***

Acabou. Boa sorte!

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