Conto adolescente

O WL escreveu, a pedido da Cris, e nos comentários sugeriu que eu escrevesse também. Assim, aqui vamos nós...

Eu não fui nenhuma gatinha (como se fosse agora, dã) quando era adolescente – sabem o tipo ‘a amiga dos meninos’? Pois é, era eu. Aliás, eu nunca fui “inha” em nada, nem nos apelidos. Gorda, meio fora dos padrões, interessada em assuntos diferentes dos da maioria das meninas (talvez por conviver demais, na época, com gente mais velha que eu; até hoje é assim, em parte), adorava handball (opa, ainda adoro) e convivia bem com os meninos enquanto amiga, por ter crescido com vários. De qualquer maneira, principalmente fora do ambiente de colégio, tinha lá os meus encantos e, portanto, alguns namoricos ou ‘ficantes’. Até que, aos 15 anos, conheci o Bruno.

Bruno era alto (jogador de basquete), moreno, mais pra gordinho do que pra magro, tinha 17 anos e era amigo de um dos meus melhores amigos, a quem hoje chamo de irmão. Nos conhecemos aqui na rua, numa noite qualquer de calor, enquanto eu batia papo no portão com as amigas*. E o Bruno cismou comigo... Disse ao meu irmão que estava apaixonado, que queria me conhecer, que eu era linda, bla bla bla – aquele chaveco básico que nossos amigos repassavam pra gente, nessa época. Depois do tal dia (e de ter sido ‘informada’ desse interesse), nos encontramos algumas vezes, e uma delas foi num jogo de basquete, na quadra do TTC, quando não pude fugir (sempre fui uma menina educada, rs) e me sentei perto dos meus amigos e dele. Bem, perdi a prevenção que tinha com ele (não sei porquê, até hoje, mas eu o detestava, inicialmente) e passamos a nos falar quando nos víamos – aqui na rua, nos jogos de basquete, onde fosse.

Num domingo qualquer do início do ano de 1994, combinamos todos de ir à matinée no Mello Tênis Clube, como fazíamos quase todos os domingos, quando o Bruno chegou (era o único que já tinha carro) e disse que nos encontraria lá. Confesso ter pensado “ai saco, vai ficar no meu pé a noite toda e eu não vou dançar”, mas depois esqueci. Chegamos ao clube, eu e os meus amigos (só uma outra amiga e eu de mulheres num grupo de uns oito homens) dançávamos, bebíamos uma cerveja (o que era tirar o máximo de onda possível), quando ele chegou. E eu revi meus conceitos na mesmíssima hora – o cara estava lindo e com um perfume delicioso – e ele percebeu a minha súbita ‘simpatia’, claro.

Depois de umas três músicas, todos tinham sumido. Não achava mais ninguém ali naquela muvuca, além de nós dois. Comentei a ausência com ele, que sorriu e disse pra não ficar preocupada, que ele tomaria conta de mim. “Afinal, uma gata dessas, com uma boca tão linda, tem que ter alguém pra tomar conta”. “Linda, é?”, perguntei, provocando, e ele não se fez de rogado: “Tão linda que dá vontade de beijar. Posso?”.

* Pausa para pequenocomentáriodaautora*
Ok gente, era uma menina, mas sempre fui sagitariana. Por mais que fosse virgem e (muito) inocente, provocar já era um dom, rs.
* Fim da Pausa para pequenocomentáriodaautora*


Foi quando eu respondi, de bate-pronto: “Beijo não se pede...”, sorrindo, e ele completou automaticamente. A música era Pump that Body, do Stevie B - um hit, na época. O coração disparou, eu tremia como criança com frio, lembro de ter visto estrelas na hora. Confesso que foi amor ao primeiro beijo, e passei anos apaixonada por ele.

Mas isso eu conto outro dia.

* no subúrbio do Rio, esse hábito persiste: as pessoas sentam nos portões de suas casas nas noites mais quentes, pra bater papo, bebericar alguma coisa... curtir a vida.

STEVIE B - PUMP TH...

PS: Tem vídeo no YouTube, mas não dava pra postar... ri muito!

7 comentários:

Helen disse...

Eu também sou sagitariana!
Mas não exerço rsrsrs

bju!

Renata disse...

Minha mãe falava que eu ia sentir saudade dessa fase dos 15-16 anos, mas eu nunca acreditei.
Mães estão sempre certas mesmo.

Cinthya Rachel disse...

adorei! muito fofa a historia

Aline disse...

Helen, comassim, vc consegue controlar?! rsrsrsrs

Renata, mães sabem de tudo, é impressionante. Quem sabe eu ganho essa bola de cristal se for mãe um dia...

Cin, é lindinha, né? Mas melhor parar por aí, hehehahahaha.

Beijocas!!

Andre Viegas disse...

Acho q não vivemos na mesma época. Q raio de música e vídeo são esses?

[kkkkk]

E subúrbio sempre me lembra aquela música do Chico...

Bjs

Aline disse...

Tenha em mente que eu tinha 15/16 anos, enquanto vc já tinha 21/22 - hoje não faz diferença, mas nessa idade fazia, sim! rs

Eu gosto da música, bem crua a letra...

Beijo.

Unknown disse...

Nos bairros menos nobres de São Paulo - Não usarei a palavra subúrbio porque fiquei em dúvida se foi usada no significado original ou no pejorativo - esse costume também existe. Engraçado, falam tanto do perigo e da violência...

Acabou. Boa sorte!

Em pleno 2020, em plena pandemia, em um momento onde a maioria está passando por uma mudança radical em suas vidas, resolvi voltar aqui e s...