Atropelamento sem morte

A vida da gente é uma coisa engraçada... de um dia pro outro muda sem a gente saber como ou porquê. Um dia você está muito bem, tudo vai bem (mesmo com os problemas normais na vida de todos nós) e, quando menos se espera... BAM! Um caminhão te atropela. Um caminhão vindo na contra-mão de uma rua sem movimento nenhum, uma daquelas ruelas de subúrbio de cidade pequena, onde mal passam os carros das pessoas que moram ali - quando é que você pensaria que um caminhão viria naquela rua, e ainda mais na contra-mão? - um caminhão sem freio, com o acelerador emperrado lá embaixo.

Imadiatamente, você acha que vai morrer, que não conseguirá sobreviver àquele acidente, que é o fim da sua vida. Logo agora que você tinha tantos planos, que as coisas começavam a dar certo de novo, que você estava num ânimo de fazer raiva! Nos momentos que se passam na sua cabeça, caída no chão e ainda zonza sem saber direito o que aconteceu, nada explica aquele atropelamento: você acredita piamente que olhou para os dois lados, que não ouviu um barulho sequer, que estava em segurança total, mas agora está ali, no chão, à beira da morte.

Quando menos você espera, aparece alguém que te acode. E mais uma pessoa, mais duas, mais dez. E você começa a acreditar que pode até sobreviver, mas que as seqüelas serão enormes e irreversíveis, poor you. Ouve as vozes das pessoas à sua volta te pedindo calma, que você não se desespere, dizendo que não há de ser nada e que já já você ficará bem, mas você ainda não consegue acreditar nessas vozes, apesar de sentir um certo conforto no tom delas.

Já a salvo e em repouso na cama, você vê tudo passar pela sua mente como se fosse um filme noir, em preto e branco mesmo, aquela seqüência macabra de cenas, que parece ter durado uma hora e meia, mas que não levou cinco minutos na verdade. E aí, apesar do medo e do trauma ainda presentes, você começa a se olhar e descobrir que está tudo quase no lugar, que a dor que você sente vai passar, sim, e que você vai estar de pé e caminhando (quem sabe até dançando, jogando bola, correndo) logo, logo.

Depois de um certo tempo, você vai olhar pra trás, pra esse acidente, e agradecer a Deus por ter sobrevivido, e rir do seu próprio desespero de achar que ia morrer, quando havia quebrado uns ossos apenas... e é exatamente por isso que é tão bom viver tudo o que temos pra viver.




... Eu já estou levantando da cama. O pior já passou, e o caminhão que siga em frente sem maiores acidentes, porque mesmo sendo muito maior do que eu, tenho certeza de que ele também ficou amassado quando me atropelou.

3 comentários:

Anônimo disse...

Queridaaaaa, que foi isso??? Que susto hein!!! Estou torcendo para tudo voltar ao normal logo logo, e agradecendo ao cara lá do céu por você estar bem! Se cuide!

Anônimo disse...

Te entendo.

Unknown disse...

What happens when you're dragged by it, that fast, that hard?
I feel my head spinning really hard. I'm dizzy, I'm hurt. I have nowhere to run; this Scania thing's dragging me away as we speak. I can't figure out what the hell to do with myself.
It's not just hit and run.
It's a hit, a run and a victim stuck in the wind shield.
It's a mess, I see my brain spreading along, little by little. My body's breaking and undoing itself all over this road.
What to do then?
I try to laugh, I tray to pretend, and I keep repeating myself, looking in my mirror, "this is just your imagination".
Well.
It's not.
What to do next?

Acabou. Boa sorte!

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