Mundo novo

O escritor é o eu mais sozinho do qual se tem notícia nesse mundo – e acho que em qualquer outro, até onde vai meu curto entendimento. Quem escreve não tem companhia, a não ser dentro da sua torta cabeça pensante. Observa o mundo de longe e dele extrai suas histórias e suas poesias, quase sempre de forma muito infiel. Porque a fidelidade, pra um escritor, é tão mortal quanto a alegria constante, tão limítrofe quanto as regras do mundo que ele vê de sua janela.

O mundo do escritor é branco e preto, ilimitado, cheio de espaços vazios que ele irá preencher com aquilo que deseje, com o que passe pela sua mente enquanto ele admira sua folha. O escritor não quer saber de cores, ao menos no primeiro instante – estas ficarão pra quando seu texto estiver pronto, e serão pintadas dentro das mentes que o lerão – e também não quer saber de formas que não sejam as das letras que ele pintará em sua tela vazia. Há quem veja tristeza nesse mundo, há quem veja possibilidades; o fato é que o escritor sempre verá um infinito de emoções e a chance concreta de perpetuar-se no universo, sem que para isso seja preciso envolver-se com alguém diretamente.

O escritor está em cada um de nós, só que alguns não o assumem por inteiro. Ele é a parte mais egoísta e solitária dos nossos egos, a mais brilhante e imaginativa das nossas mentes, a mais triste e amarga dos nossos corações, a mais ébria e alucinada de nossos espíritos. Pode ser bom ou ruim no que faz, não importa: o escritor está ali, dentro de nós, quieto, esperando uma janela se abrir para, então, observar.

E já que ele está aqui, dentro de mim, que fique à vontade pra dizer o que quer e escrever um mundo que só ele conhece. Quem sabe nesse mundo as cores serão mais minhas, as formas, mais sutis e os dias, mais felizes.

6 comentários:

Eve disse...

e que escritor, hein?
saber trabalhar com a essência das palavras e dar-lhes algum significado é mágico e colorido.
beijos!

justfeel disse...

Fantástico. Genial.
Sentimental, até.

Pula de categoria no meu humilde blog.

Beijo*

Andre Viegas disse...

Só espero q não tenha sido psicografia. Esse negócio de ghost writer não combina contigo.

E sim, quem escreve é solitário mesmo...

Aline disse...

Obrigada, Fênix e Rafael. É bom ouvir elogios =)

Não, lindo, não é psicografia, essa foi a inspiração divina ;-) Vc me conhece, sou too much pra ser ghost writer =P

Beijos!

Cinthya Rachel disse...

perfeito. e quem escreve sabe que é uma necessidade louca botar pra fora aquilo que ronda a nossa cabeça.

Aline disse...

Exatamente, Cin! Parece que as palavras querem sair voando mesmo...

Beijo!

Acabou. Boa sorte!

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