Uma tarde perdida

Raramente falo de coisas mais sérias por aqui, e isso tem uma razão: quase sempre sou muito contundente em minhas críticas e sou totalmente apaixonada por argumentação e discussão. Pode até ser bom, eu sei, mas tenho a Casa como um local de relax (ainda), e esse tipo de assunto agita muito mais do que relaxa.

Acontece que, neste início de noite de sábado, não vou me furtar a comentar o absurdo que acabo de presenciar como telespectadora: a derrota do Brasil para a Argentina, no Pré-Olímpico das Américas de Basquete. Não essa partida, não os erros (estapafúrdios) do Marcelinho e a burrice sem tamanho do Lula, técnico da Seleção, mas a nojeira que quase todos os esportes no Brasil se tornaram devido à mistura entre esporte e política, corrupção e interesse pessoal.

A grande maioria não acompanha o basquete no Brasil em si, então vale uma breve explicação do que é, hoje, a situação brasileira no cenário mundial: quatro jogadores brasileiros na NBA (Liga de Basquete Profissional dos Estados Unidos), outros indo pra lá, como o pivô Thiago Splitter. O ala Leandrinho, do Phoenix Suns, foi apontado como o melhor reserva da última temporada e, segundo ninguém menos que Kobe Bryant, um cara a ser respeitado e admirado. Pois bem, acho que já deu pra entender que não estamos tão mal assim, não é? Ledo engano, amigos, já que a CBB é movida, já há algum tempo, por jogadas políticas e dinheiro, muito mais do que por amor à pátria e ao esporte em si.

Querem um exemplo? O pivô Anderson Varejão, ídolo absoluto em seu time, não jogou o Pré-Olímpico. Sabem porquê? Ora, porque estava mudando de time na NBA e, conseqüentemente, sem seguro. A CBB também não fez seguro pro jogador. Resultado: um dos melhores pivôs do mundo, brasileiro, não pôde jogar pelo seu país. Eu achava que a CBB existia pra providenciar, coordenar e lutar pelo Brasil no basquete fora de quadra, mas devo ter me enganado.

O técnico Lula, que já teve suas glórias no passado (ao menos segundo Wlamir Marques), é absolutamente square-minded, restrito e defensor de um basquete envelhecido, retrógrado, que já não é mais jogado em parte alguma do mundo. Com um esquema tático totalmente previsível e teimoso - o armador Marcelinho não esteve bem durante o campeonato e o técnico insistia em mantê-lo em quadra - fez de um time excelente um timeco de pelada de fim de semana. Alguns perguntam: mas porque o Lula é o técnico da seleção ainda, se é assim? Ora, perguntem ao Sr. Gerasime Bozikis (vulgo Grego) e sua trupe, já que temos técnicos como Miguel Ângelo da Luz e Alberto Bial, para citar apenas dois excelentes técnicos disponíveis...

O futebol, ópio do povo, já vem sujo de muito tempo. Outros esportes vêm nessa levada horrorosa também, mas chamando menos atenção por não serem os preferidos do grande público. O basquete, hoje, mostrou o quanto a mistura mal feita entre os ingredientes já citados pode ser prejudicial e absolutamente derrotista. Na contramão, a Seleção de Vôlei masculina, campeã absoluta com Bernardinho como seu capitão, poderia servir de exemplo aos outros esportes - exemplo de garra, paixão, amor, seriedade, disciplina, honestidade e, principalmente, de ética, através de um acontecimento tão recente quanto importante, protagonizado pelo técnico e seu levantador Ricardinho, tendo este último se mostrado tão distante da filosofia do técnico e tão decepcionante para quem acompanha o esporte.

Sinto que perdi duas horas da minha vida assistindo a este jogo, não por causa dos atletas, mas por conta dessa imundice acima descrita. "Ah, ainda teremos a chance no Pré-Olímpico Mundial". Ah ha ha, aí sim vamos passar um vexame tão grande que talvez fosse preferível não irmos, se as coisas não mudarem com urgência.

Bem, o desabafo era esse. Até agora, estou falando só de esportes, uma das minhas paixões. Imaginem quando eu resolver falar de outra - o Direito, as leis, a Justiça. Acho melhor não, senão vou ter que tomar "um quartinho de Lexotan" cada vez que vier postar.

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