Como diria Renato Russo: sempre mais do mesmo... (ou porque beber tequila faz bem pra gente)

Uma vez, quando morava em Sampa ainda, estive num local com stand-up comedy shows que eram realmente bons. Ótimos, eu diria. Ri a noite toda e saí de lá ligeiramente torta por conta dos drinks com nomes de filmes ou personagens (disso não me lembro bem, mas não importa) e com o último sketch na cabeça, que nunca mais esqueci: era sobre um homem que, na hora em que precisa explodir, implode. Descrevia mil situações nas quais qualquer um explodiria e diria meia dúzia de palavrões bem cabeludos e ele... implodia. Claro que, como em qualquer comédia, era hilário. Hoje eu acho que riria, mas nem tanto.

Eu lembro nitidamente de ter saído do lugar rindo muito e me perguntando em voz alta como é que alguém viveria daquela maneira, engolindo tudo e sofrendo, quando a solução pro problema era tão simples, JUST LET IT OUT! Aos 23, 24 anos, não passava pela minha cabeça que as pessoas pudessem engolir tantos sapos sem nem ao menos regurgitarem unzinho que fosse. Ok, eu me lembro disto e de querer "dar uma esticada" com o povo, os outros casais (nesta época, eu era uma senhora casada, dona de casa respeitável e completamente menina de tudo na vida, vejam como a vida é um saco infindável de ironias), mas isso não vem ao caso.

Eu hoje sei o que é o homem que implode - eu estou* a versão feminina dele. Só que eu implodo pra tudo na vida, bom ou ruim. Eu sou a mulher que bloqueia gente no MSN pra não brigar, mas também pra não dizer que tem saudades. Eu sou a mulher que não abre e-mails pra evitar de escrever impropérios impublicáveis e também palavras doces e cheias de carinho. Eu sou a mulher que evita o confronto e foge dos beijos. E isso cansa tanto, tanto, que eu cansei de estar assim. Quero a inconsequência daquela época de volta, ao menos um pouco, pro bom E pro ruim. Quero poder perguntar o porquê das coisas sem culpa e sem perder tempo tentando adivinhar sozinha, mesmo que isso me torne uma chata incoveniente ou mesmo uma menininha boba (eu odeio ser a menininha boba tanto quanto a chata inconveniente, acho que é uma coisa de ter amadurecido meio na porrada e muito de repente). Eu quero dizer que tenho mágoa tanto quanto dizer que tenho saudades, mandar à merda e chamar pra perto.

Eu ando tão chata e implosiva que escrevi sobre quase a mesma coisa tem pouquíssimo tempo, e tenho consciência. Apesar disso, vou escrever de novo e quantas vezes precisar, pra reler e mudar de uma vez, deixar de ser covarde e voltar a ter sangue correndo nas veias e, quem sabe, escorrendo do nariz também. Os artifícios externos eu começo a tentar ainda essa semana: eu bebia tequila naquela época e muito, muito bem - sem dar vexames, sem cair, sem nem tropeçar no salto agulha - e costumava comer mais o que gostava. Se bem que nem sei bem do que gosto hoje em dia, mas eu descubro de novo. Preciso mostrar pra mim mesma que as minhas palavras continuam sendo meaningful**, que um "vá se fuder" meu é pra valer, tanto quanto um "gosto muito de você" - e só pra mim mesma preciso mostrar, já que o resto do mundo acreditará, de novo, em qualquer coisa que eu mesma acredite ser.

Me chamem do que quiserem, fiquem à vontade, já que só explodo aqui nesta meleca que eu criei como o escape ideal de (quase) tudo de que seja preciso escapar. Por enquanto, ao menos, estão todos a salvo de qualquer reação, boa ou ruim - os que, por (des)ventura lerem isso aqui e quiserem comentar ou não, claro. Porque quem tá perto, ao alcance de um grito ou mesmo um telefonema, já corre sérios riscos de sofrer reações amanhã mesmo. Começo pelo trabalho, que tem que servir de algo além de fonte de stress e pouco dinheiro. Meredith Brooks vai voltar a cantar por estas bandas logo, logo. Pode ser brega, clichê ou o que o valha, mas eu tenho saudades de ser a bitch, a tease, a Goddess on my knees.

* Sempre que uso estar no lugar de ser me lembro do "falecido" Jurandir, Equilibrador. Que esteja em paz com os pratos dele! Deu saudades de ler...

** Quem lê isso aqui há mais tempo sabe que, quando eu tou atacada e pensando rápido, certas palavras só saem em inglês. Bem, agora quem lê há menos tempo sabe também. Eu realmente ando baunilha, antigamente eu mandava todo mundo se fuder e procurar no Michaelis....


4 comentários:

Unknown disse...

Já falei no MSN, tô falando agora. Provável que você não reconheça a pessoa que escreve - porque essa é a pessoa de bem antes de 2005, a pessoa que tinha mais a Deus que ao resto do mundo, que vivia com o foda-se ON e não se importava se doía ou não. Te falar que eu me importo, então te dou a cara pra bater e digo na sua cara internética:
Vá se foder.
Que você não é mulher disso aí não.
Então pode parar, levantar disso aí, sacudir essa porra e faz o favor de postar aqui um "FODA-SE" em caps, negrito, tamanho gigante e tudo que tem direito. Esse povo aí, esse bando de gente sapenta que tá te mantendo nessa dieta dentribata, esse povo merece bem mais que isso, mas faz o favor de dar o gostinho da volta triunfal da dona dessa Casa aqui, aquela mulher foderástica que malandro nenhum quer meter o pé. Faz o favor. Pra vcê, pra mim e pra todo mundo que lê - inclusive esse povo da dieta anfíbia que precisa bem de um Manolo Blahnik enfiado até o talo no orifício ornamentado por pregas.
Dá vontade de citar nomes e mandar recado meu, que se não gostar, vem cá pra Sampa falar, que aqui é a cena do louco. Mas eu não posso. Só falo que sapo de cu é rola. Vomita isso aí e volta, fazendo o sumo favor.
Beijo

Diane Lorde disse...

Tomara que você consiga tudo isto agora em 2009 e que a vida anda conforme a música que você escolher, boa sorte!

Anônimo disse...

A implosão de problemas não te faz acabar com eles, na verdade vc só faz acumulá-los. E o foda é que uma hora ou outra eles dão um jeito de sair todos ao mesmo tempo..

Acho até que devo soar(sempre) meio chato, pq sempre cito alguma coisa que já aconteceu comigo. No meu trabalho, tenho um chefe relativamente intolerante, e intransigente. E assim que comecei a trabalhar, reparei que todo mundo tinha muito medo dele e acabei adotando a mesma postura. Mas o cara me tirou pra pegar no meu pé, foi implicando, implicando, cutucando, até que um dia explodi com ele na frente do meu supervisor, falei todas as verdades que todo munda da empresa falava dele pelas costas (que eram meramente verdades), falei que ele não era "líder de merda nenhuma", era chefe, e de péssima qualidade. Enfim, descasquei com o cara..
No fim da discussão, ganhei uma promoção e um aumento significativo. E depois do ocorrido virei melhor amigo dele.

Só queria exemplificar que, quando se quer resolver o problema, se resolve. Agora implodir tudo sempre pode ser uma roleta russa que você não tem como prever quando o gatilho vai ser puxado.. (até mesmo pq o fim da historinha que eu contei podia ter sido: "Passa no RH e vá pra casa!")

Bjokas..

Eve disse...

não imploda, mulher, que não somos disso. hehehe

fofa, mandei e-mail importante para o "atorreshomem@hotmail". dá uma olhada, flor.

beijos.

p.s. sou eu, viu?

Acabou. Boa sorte!

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