"É da onde?"

Aqui sempre recebemos várias ligações por engano. Meio que natural, já que 21 é o código de área do Rio e também o início do prefixo do telefone daqui. Mas as perguntas, respostas e reações das pessoas ao saberem que discaram errado são impagáveis.

Em primeiro lugar: CONTE quantos números você discou, pessoa burra que não quer perder um segundo da sua vida prestando atenção nisso. Números de telefone têm, hoje, oito dígitos. Se você disca dez números, os oito primeiros serão o telefone para o qual você, ó imbecil desatento, estará ligando. Óquêi? Beleza. Sigamos.
Há quem bata o telefone nas nossas lindas fuças, há quem peça desculpas, há quem peça explicação - "Mas como assim está errado? Se 21 é o DDD, a telefônica deveria tirar, né?" - há quem agradeça e converse (os mais velhos, sempre) e há quem brigue. Sim, brigue comigo e com a menina que atende o telefone o dia todo. Alguns brigam porque está errado o número e não gostam de que os digamos isto, outros porque caiu errado e, aparentemente, a culpa é nossa. Mas teve um caso especial que faço questão de contar aqui.

O cara liga pra cá às 17:55, o que já me fez pensar um "putaquepariuqueméomerdaligandoaestahora?!". Atendi no modo automático - nomedaempresa, Aline, boa noite (pra ver se ele sacava que aquilo não era hora de nos contatar, caso fosse cliente) - e iniciou-se nosso singelo diálogo:
- É da LBV? É que ligaram pra minha mãe aqui...
- Não, senhor, qual número o senhor discou?
- 21******38 (dez números, vejam bem)
- Senhor, não é daqui. O senhor precisa tirar o 21 da frente, o número correto de...
- SEUS FILHO DA PUTA, VOCÊS FICAM LIGANDO PRAS PESSOA ASSIM, MINHA MÃE DEU DINHEIRO PRA VOCÊS E AGORA VOCÊS NUM QUÉ ME ATENDER, SEUS CORNO!
- Senhor, aqui não é da LBV e...
- SEUS PUTO, EU VOU FUDER A VIDA...
- Olha aqui, seu viado de merda: aqui não é da LBV, mas dada a sua delicadeza, eu quero mais é que você se foda e pague muito dinheiro. Vá tomar no meio desse seu cu, seu desbocado.
- Ahn?
Ploft. Eu sou uma flor de pessoa. Eu poderia ter feito muito, mas muito pior, já que o PABX tem bina.
É por essas e outras que eu digo que vou pro céu, cheia de escravos sexuais pra me abanar, dançarem para mim e otras cositas más.

Beleza é fundamental

Hoje é o #lingerieday no Twitter. Ontem, A Liga falou sobre beleza e o culto incansável à ela. Desta forma, enquanto modelo universal de não-beleza, adepta do culto aos feios e moradora do Rio de Janeiro (oi, sou um paradoxo, um beijo pra você!), resolvi falar aqui sobre o assunto. Porque, vocês sabem, eu entendo do riscado.



O Rio é cruel com a estética das pessoas, se você for daqueles/as que dá valor a isso e chora quando é zoado/a por uma característica física nem tão dentro dos "padrões universais" de beleza. Se for, baby, passe longe daqui. Se você for uma pessoa adulta e bem-resolvida que não mora aqui, venha nos visitar, mesmo que esteja com alguns kilinhos a mais ou tenha orelhas de abano - mas não espere conhecer o amor da sua vida por aqui. Sou radical? Pode ser que sim. Mas quem é negro/a, gordo/a, magrelo/a ou simplesmente não tem um rosto ou um corpo fenomenais, não vai se dar bem "na night" por aqui.


Pessoalmente, esse tipo de coisa me diz tanto quanto à atuação do Werner Schünemann em Passione: absolutamente nada. Mas é triste saber que se mora num lugar onde gente sarada vale mais como amante ou amigo do que gente sincera. A não ser que você seja famoso/a e tenha dinheiro: aí, neném, você pode ser um desastre estético, mas vai ter um monte de gente se atirando em você.

É, realmente há opções possíveis à beleza no Rio. Triste.

Spinning the wheel

Quem vem aqui há algum tempo já sabe o quanto eu fui, voltei, fiz, desfiz, subi e desci. Achei que agora, depois dos 30, eu ia ter um pouco de paz... Mas, não. Aparentemente, a minha função é não parar de me mexer. Nunca, pelo visto.

É o trabalho cheio de reviravoltas, a saúde que não fica 100%, indefinições que não me deixam chegar em casa e simplesmente sentar estirada no sofá, com as pernas pro alto e ver tevê. A cabeça gira, roda, vai longe, volta pra perto e não para. Tudo bem que eu tenho 32 anos e não tou querendo passar o resto da vida na mesmice, mas pera lá! Tava bom que a vida fosse um baile, onde a gente senta, come e bebe de vez em quando; mas uma rave louca alucinada cheia de ecstasy?! Não, obrigada. Já passei da idade (emocional, babies, emocional!) e já tive minhas loucuras. Já deu.

Vai ver a vida é assim mesmo (ao menos a minha) e eu vou me fuder de verde e amarelo de maneira cíclica. Mas que cansa pra cacete, isso cansa.

Eu sou péssima

Hoje estou uma mulher cansadérrima, cheia de dor na coluna, de saco cheio da cidade (ainda, ainda) e preciso dormir. Mas precisava vir até aqui fazer uma confissão antes:

Eu sou má amiga. Fico séculos sem ligar pros amigos, não ligo em aniversário porque lembro quando as pessoas já estão dormindo, sumo, desapareço, não mando e-mails e, de repente, reapareço. Sabe o que é melhor? Meus amigos acabam, involuntariamente, sendo selecionados assim.

Porque amizade não é ligar todo dia, falar sempre, cumprir compromisso. Amizade é exatamente o contrário: não ter agenda, aparecer sem hora marcada, ligar e dizer "tô com saudade" uma semana depois do aniversário, ficar oito anos sem ver a pessoa e, quando acontecer, saber que estes anos nada mais foram que um pequeno intervalo. É olhar pra alguém e saber que esta pessoa tá pensando a mesma coisa que você e rirem juntos disso, sem dizer uma palavra; é chorar junto sem precisar dizer porquê. É saber que aquela sua má amiga, que não liga, que não escreve, que não cumpre nenhum protocolo ou ritual social, te ama. E ficar feliz quando essa mesma má amiga te surpreender com uma mensagenzinha SMS boba.

Os meus amigos e as minhas amigas sabem quem são, mesmo que eu não os veja sempre, mesmo que fique séculos sem dizer oi. Pra eles e pra elas, um Feliz Dia do Amigo, um beijo enorme e a esperança de que nos vejamos mais. E que eu deixe de ser tão má.

Até 2014, vamos explodindo por aqui


Pelo título da matéria, vocês já conseguem ter uma ideia do absurdo da coisa. Mas o prazo dado na matéria no G1 consegue ser ainda mais assustador:


Sim, minha gente, 2014. Dois mil e quatorze. Antes do início da Copa do Mundo no Brasil, pelo visto, teremos algumas pessoas voando pelos ares e tendo seus membros decepados pelos bueiros cariocas. Mas... pra quê se preocupar, se você anda de carro blindado (ou mesmo um carro público comum, que eu e o resto da população do Rio de Janeiro pagamos), não é mesmo?

A primeira explosão noticiada foi em 29 de junho, que feriu gravemente uma turista. Na última semana, explodiu mais um, em Ipanema. E digo ainda mais: se o descaso é este com bueiros na Zona Sul da cidade, Deus permita que os tais bueiros-rebeldes não comecem a explodir pela Zona Norte, porque aí, minha gente, ninguém vai mesmo ligar pra isso, já que a Zona Norte não aparece na tevê nem é cartão postal da Cidade Maravilhosa(?) em lugar algum.

Quem sabe a ideia é criar um novo esporte olímpico por aqui... Claro que só vai dar certo quando os "atletas" conseguirem sobreviver e sairem ilesos, mas isso é apenas um detalhe.

Semana do Cacete: Férias (estreia)

Antes de começar: estreia sem acento é uma agressão quase física a quem sempre foi a melhor aluna de Português da classe.

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Tirei a semana passada de férias. Tá, uma semana é pouco, mas pra quem estava há um ano e nove meses sem tirar de dentro, pareceu uma excelente ideia (outro acento que caiu e ainda me choca). A primeira providência das férias? Dormir. Pra caralho, à beça, muito mesmo. Passei a segunda-feira inteira de pijama, descabelada, jogada na minha cama e me arrastando ao pc ocasionalmente. Regozijante, eu diria.

A terça-feira foi praticamente a mesma coisa, excelente. Já na quarta, comecei a arrumar as malas para partir ao local de grande diversão, relaxamento e tranquilidade: São Paulo. Não me julguem: eu nunca disse que era normal, pra ninguém - além disso, os amigos e amigas de São Paulo são sempre dignos de grande saudade e causas de momentos inesquecíveis de diversão. Bem, parti às seis da matina, cheguei a tempo de pegar o carro alugado em Guarulhos e curtir aquele engarrafamento gostoso que só as marginais podem nos proporcionar! Confesso que nem me estressei nas duas horas em que levei para chegar ao meu destino (Zona Sul de Sampa) já que, em São Paulo, HÁ UMA RÁDIO ROCK e eu me diverti muito com a cara dos carros ao lado me olhando como se louca fosse, já que cantava e sacudia a cabeça tal qual um guaxinim que fumou orégano.

Os quatro dias em São Paulo foram excelentes: bebi durante seis horas ou mais (sinceramente não me lembro nem como consegui estacionar o carro alugado sem direção hidráulica quando cheguei, então não me peçam detalhes desimportantes) na quinta e paguei muito menos do que pagaria aqui no Rio pra beber Original gelada e comer uns belisquetes (um beijo, Rio de Janeiro, atual cidade mais cara do Brasil); na sexta dormi até tarde e comemos bem, sábado comi um japa de alto nível ao qual fui a pé e paguei o equivalente a um almoço razoável aqui no Rio (mais um beijo, agora pro Eduardo Paes!) e fui pra casa de uma amiga que não via há oito anos. E bebi. Pra cacete. Domingo almoçamos no shopping, vimos a final da Copa - HOLLAND #NOT - e retornei à so-called Cidade Maravilhosa. Senti saudades de São Paulo já quando cheguei ao Galeão...

The thing is: I don't belong here, como diria o RadioHead. Tudo é caro, todos se acham fodões e fodonas demais, a violência está absolutamente broxante, os buracos nas ruas onde o IPVA é o mais caro do Brasil (um beijo pro Sérgio Cabral Filho, agora) quebram nossos carros, as blitz - tanto da Lei Seca quanto as de IPVA - são ridículas e achacantes e, pra piorar, ganhamos todos os eventos esportivos mais importantes do mundo, o que está fazendo os preços daquilo que ainda não era tão caro subirem ainda mais. Eu amo o Carnaval do Rio, desfilo sempre que posso e ainda amo as praias, mas mesmo assim não tá dando, minha gente...

Foram férias maravilhosas. Foi um retorno melancólico. Mas, vida que segue. E nós seguimos nos fudendo aqui no Purgatório da Beleza e do Caos, como diria Fernandinha Abreu. Só se reclama e se emputece do que e com que se ama, já ensinou a sabedoria popular, esta falecida. Pode ser.

Um telefonema

Oi, querida, tudo bom? Ah, comigo tudo bem. A verdade é que tudo anda bem, xuxu. O grande problema do trabalho foi deletado, os problema$ menores devem se resolver e consegui até uma semana de férias, veja você. É, tem a Seleção, que saiu da Copa nas quartas num joguinho de merda, mas isso eu já esperava - você não? Ah, 2014 tá chegando, se 2012 não acabar com tudo antes. O Twitter anda uma merda mesmo, um povo muito radical, muito cheio de nhém-nhém-nhém, né? Mas deixa pra lá, a hora em que eu tiver tempo pra coisas mais prosaicas eu deixo de seguir uma meia dúzia e tá tudo certo. Não é assim que a gente faz na vida, deixa de "seguir" quem nos desagrada? Então, tirando família, é assim mesmo... Às vezes a gente deixa de seguir mesmo gostando porque não tem tempo, o que é triste; às vezes a gente segue por educação, por obrigação... Nada fora do normal. Aliás, menina, fora do normal é esse custo de vida aqui, hein? Nossa mãe! Não dá mais pra gente tomar aquele chopp de duro que tomava quando tava na faculdade... Tenho pena desse pessoal que hoje tá lá. Se bem que hoje os alunos de faculdade são ou trabalhadores ou filhinhos de papai, né, mesmo nas públicas - na nossa época já era meio assim, agora tá foda, pelo que eu tenho visto. É, o absolutismo das coisas de hoje em dia é que me deixa puta dentro das calças, é tudo muito 8 ou 80 pra essa galera. Ah, será que aprendem um dia? Não sei se sou tão crente, não. Ah, amiga, eu tou cansada, sabe? Cansada de ser quem trabalha pra caralho e não é reconhecida, cansada de pagar mais do que ganho pra viver ao menos decentemente, tô cansada. É, eu nunca fui um primor de paciência e acho que a idade piora isso, sim. Mas você não tá cansada, porra? Ah, bem! Pensei que era eu a louca! Hahahahaha, sempre fomos as loucas mesmo. Então tá, fica com Deus, um beijo, boa sorte na prova e a gente se fala quando eu voltar de viagem. Vou viajar, sim, ganhei a passagem (senão não iria, né, xuxu?). Tá bom, então, beijo!

Acabou. Boa sorte!

Em pleno 2020, em plena pandemia, em um momento onde a maioria está passando por uma mudança radical em suas vidas, resolvi voltar aqui e s...