Resolvi ter vergonha na cara e assumir o que escrevi há quase dois meses. Sei que publicar na data certa seria, sim, o mais honesto e correto comigo mesma, mas como sou eu mesma quem vou me criticar por isso, que se foda, publico agora. Eu gostei, é impressionante a maravilha criativa de uma dor... fiquem à vontade.
Sobre amor e Djavan
"Amar é brega, é sofrido, é ridículo, é loucura. Amar alguém é uma praga de madrinha da qual não se livra assim, impunemente - caso você consiga se livrar disso um dia, com certeza vai ter de dar alguma coisa em troca, e com mais certeza ainda você dirá, logo depois, que preferiria ter tido um dedo (ou até um braço inteiro) arrancado a sangue frio. Amar mesmo (com o corpo, a alma, o coração e o cérebro) entorpece, emburrece, enegrece, emagrece e amadurece. Amar te faz mulher, te faz criança, te faz velha e, quando é só você quem ama, te faz cadáver - a sua vida inteira é a vida daquele quem se ama, e quando ele deixa de estar do seu lado, você morre. Amar é sempre um mar de rosas no início e sempre uma tempestade de cinzas no fim. Amar tem gosto de mel e de féu, tem cheiro de mar e de esgoto, tem cara de céu estrelado e de inverno em São Paulo, tudo ao mesmo tempo, convivendo desarmoniosamente. 'Amar é um deserto e seus temores', como disse Djavan, mas não 'é quase uma dor' - é a maior dor que se pode sentir em vida.
Não existe o tempo "depois que se ama", porque quando se ama, nunca mais deixa de amar e, portanto, não há um depois. Podemos falar, no máximo, no depois que se passou a amar, porque esse sim, é O depois. Esqueça-se do que você viveu antes, de toda a paixão que teve, de todos os sorrisos abertos e das gargalhadas soltas, dos momentos felizes com outras pessoas - você nunca mais vai ser feliz ou alegre com as outras pessoas, não por completo. A escravidão da qual você, agora, faz parte, é opcional, e você nem se deu conta que estava escolhendo ser escrava quando passou a amar. Problema é seu, agora já foi, não tem mais volta, o antes vai ser apenas uma lembrança na sua memória conturbada.
Engana-se quem ler isso aqui e achar que se trata de um texto sobre paixão, é mesmo sobre o amor (eu trocaria os significados, com certeza). Em sua mais pura, profunda e real forma. Eu amo, não posso negar. Infeliz de mim."
Escrito em 07/05/2007, não publicado antes por razões óbvias, publicado agora conforme prólogo.
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Um comentário:
É... amar é fogo mesmo (e arde)! Mas, como já dizia o poeta Vinícius: "Todo grande amor só é bem grande se for triste." Basta que seja recíproco, não é?
Beijos
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