Paz sem voz não é paz...

Todos nós temos as nossas "válvulas de escape" pessoais, de alguma forma. A minha é sempre o trabalho, acredito que devido à paixão que tenho pelo que faço. É impressionante: quando a vida privada anda mal ou está sendo analisada, revista, o trabalho flui melhor do que o normal - e não sou eu quem está afirmando, digo isso devido aos repetidos "você veio afiada dessa vez, hein?" que tenho ouvido dos meus alunos durante as aulas.

Não que não faça meu trabalho direito quando tudo vai bem, não é isso. Mas talvez a fuga dos problemas que enfrento em outras áreas da vida seja dedicar-me (muito) mais que o normal ao trabalho, o que certamente me trará maiores alegrias, mais elogios e mais incentivo para melhorar. Não é ruim, portanto, mas é o atestado de que alguma coisa, em outro aspecto, não vai muito bem... Assim sendo, tem valido a pena, de alguma forma, essa reavaliação pessoal que tanto tem me incomodado nesses últimos tempos.

A parte negativa (?) da coisa é que fico "afiada" também nas opiniões, perdendo um pouco da enorme paciência que tenho com os outros, me mostrando mais seca, cética e até mesmo sarcástica em certas ocasiões quando, normalmente, seria afável e paciente. Digo negativa porque alguns não conhecem esse meu dark side e ficam magoados, assustados - decepcionados até, eu diria. Mas todo mundo tem a sua noite, a sua área de sombra, e uma das coisas que ando repensando mais é exatamente a atitude 100% positiva que costumo demonstrar a quem me conhece - e que não é verdadeira, no fim das contas.

Esse jeito meio childish de ser e de lidar com quem me cerca não deixa de ser uma máscara, uma proteção criada a fim de manter o resto do mundo na minha superfície, longe do meu core, e tenho plena consciência disso. O problema todo sempre esteve em como mostrar que eu não sou exatamente essa pessoa que quase todos que conheço (inclusive a família) vêem sem chocá-los, pois nunca gostei de chocar ou contrariar ninguém, já falei disso por aqui. É um círculo vicioso do qual pretendo me livrar imediatamente, até porque nunca gostei muito de ser previsível e, menos ainda, repetitiva.

Assim, esperem uma Aline diferente de hoje em diante - alegre e palhaça, sim, mas com um pouco menos de infantilidade fabricada. Pretendo voltar a ser quem sempre fui, já que estive adormecida e sufocada durante os últimos três anos, por minha própria culpa. Desculpem alguma palavra mais rude, perdoem os ceticismos que virão; continuarei a ser amiga, sim, mas talvez passe até a ser uma amiga melhor, já que não quero mais passar a mão na cabeça de ninguém que faça ou fale uma besteira ou que me magoe.

"É pela paz que eu não quero seguir admitido"
Marcelo Yuka & O Rappa - Minha Alma

2 comentários:

Carol Costa disse...

Você não conseguiria ser previsível nem que quisesse, dona Aline. Relaxa, mulher...

Aline disse...

Bem, Carol, acho que não, rs. Bem-vinda e volte sempre! Beijo!

Acabou. Boa sorte!

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