A discussão é velha, mas a opinião é minha

“Gente, sou eu a única mulher cafajeste assumida aqui?! Fiquei com vergonha agora...”

A frase em questão veio de um comentário meu no blog O Equilibrador de Pratos, no post de ontem, e desencadeou uma série de conversas, perguntas, questionamentos e observações – e o sexo em si, tanto quanto a postura assumida, acabaram ficando de lado e dando lugar ao questionamento sobre a independência feminina e ao porquê de tantas mulheres seguras, independentes, inteligentes e, pasmem, bonitas, estarem sozinhas.

É claro que a opinião masculina conta muito, e uma das que recebi (do Hannibal, um dos Equilibradores) disse que “belas, interessantes e inteligentes, estão sós por serem inteligentes, querem uma companhia de nível ao lado, entende?”. Confesso que essa opinião, vinda de um cara, chega a surpreender (de maneira muito positiva, claro). E concordo com ela, mas vou além. Digo que mulheres independentes assustam um pouco, não passam muita segurança – afinal de contas, se ela troca lâmpadas sozinha e não precisa do seu dinheiro nem pra pagar as contas da casa, por que ela precisa de você? Não estou generalizando, obviamente, mas a maioria dos homens pensa assim, mesmo que seja num cantinho escuro machista remanescente na cabeça dele. Insegurança é normal em qualquer ser humano, e não há porquê termos vergonha disso. Muito mais cômodo é ter alguém que dependa mais de você em qualquer outra coisa que não seja sentimento apenas, é mais palpável.

Conheço várias mulheres lindas, inteligentes, agradáveis, engraçadas e independentes que estão sozinhas. Tirando o linda (porque nesse quesito sou modesta e exigente, fico com o bonita), me enquadro como uma dessas mulheres. Nenhuma delas está procurando nada (até porque procurar é o primeiro passo para errar) mas vira e mexe encontram alguém que julgam interessante e desperte interesse – e não dura mais do que alguns encontros. Talvez porque tenham servido o vinho, ou dito que gostam de ler clássicos e cozinhar. Vai saber. Fato é que a variedade de gostos, a postura aberta e franca, a humildade no que precisa ter e a falta de modéstia necessária aos assuntos nos quais são ótimas nem sempre são elementos bem-vindos. E talvez tenham assumido que sexo por sexo já fez (ou faz) parte de suas vidas.

Não vou julgar aqui ‘as outras’, não gosto de julgar ninguém. Tenho minha opinião quanto à subserviência, dependência e não-inteligência (mesmo que fingida, que é mais comum do que muitos imaginam) e fica bem clara pelo que não foi dito. Até porque sou absolutamente contra 8s e 80s: meio termo é a chave da vida. Já estive do lado 8, já estive do lado 80 e digo que prefiro os 44. Com pimenta e sal, claro. O que realmente não dá pra agüentar é fingimento e gente que se encolhe pra poder agradar a gregos e troianos, isso não – até porque mentira tem perna curta, como dizem os mais velhos, e acaba tropeçando quando corre demais. As máscaras caem, cedo ou tarde. Basear seu comportamento em testes de revistas femininas é tão seguro quando saltar da Pedra Bonita sem asa delta ou parapente. Pode até ser que as mulheres mascaradas não fiquem sozinhas na maior parte do tempo, enquanto as sinceras permaneçam como estão. Mas... Vale mesmo a pena?

Estar com alguém só é bom quando não há outro motivo senão os importantes para isso: amor, carinho, respeito, amizade e vontade. Bom sexo também entra nessa lista, claro. Não precisa ter uma santa do lado – normalmente santas são do pau-oco – ou mesmo uma bonequinha de porcelana – essas quebram quando menos esperamos. As mulheres das quais falo aqui também não querem nenhum Brad Pitt (belo e milionário) vestido de mecânico, sujo de graxa e que saiba mexer em tudo em casa enquanto lê Einstein e explica pra elas como se falasse da tabuada.

“Antes só do que mal acompanhado”, é o ditado. Será que não existem mais boas companhias para mulheres ótimas? Será que essas mulheres devem se esconder debaixo de clichês? Será que devemos começar a fazer aqueles testes de revistas femininas altamente ridículos a fim de nos enquadrarmos e sermos mais 'beges' e menos vermelhas? Não sei nenhuma das respostas. Mas desejo que todas essas perguntas não façam o menor sentido.

Deixando BEM claro: é um texto. Tem verdades, tem ‘licença poética’, tem opiniões próprias. Há ótimas mulheres que estão casadas e felizes - não generalizem, por favor. E eu nem acho o Brad Pitt a última bolacha do pacote.

12 comentários:

Unknown disse...

Apoiada, companheira ultra-jovem.
A última bolacha do pacote é mesmo o Denzel.
Beijos

A Outra disse...

ho ho ho
adoro esses textos.

confesso que já fiz parte das "mulheres independentes que trocam lâmpadas procura".

eu achei. e, ó, o meu cozinha, tá?
o homem da casa sou eu, eu levo o carro na oficina. hehehehehe

tinha muito medo de ficar sozinha, mas não abria mão do que conquistei. fiz (e faço) sexo por sexo. :O

bjinhos!

A Outra disse...

um destaque especial para: "desejo que todas essas perguntas não façam o menor sentido."

só vc!

bjs de novo!

O Equilibrador de Pratos disse...

Concordo, basta de fingimento.

Hannibal

O Equilibrador de Pratos disse...

Bem, todas estas perguntas não fazem sentido pra mim pelo menos. E eu gosto de mulheres independentes, por um motivo simples: eu tenho uma necessidade quase doentia de espaço, e mulheres independentes tendem a entender isto melhor. Por outro lado, eu não sei se sou dependente ou independente. Acho que sou um deles, e alguns dias sou o outro. E gosto de mulheres independentes com dias de dependentes. Não pra trocar lâmpada ou pagar o cinema, pq eu não sou zelador e nem banco, mas notar um pouquinhozinho de carência emocional por ti na outra pessoa bem de vez em quando é bom. Igual a ciúmes.

Beijo

Sacamano

Aline T.H. disse...

Lek, a última bolacha do meu pacote seria Hugh Jackman. Em qualquer das versões dele...

A Outra, trocamos lâmpadas e levamos o carro pra oficina. O que será q nos resta? rsrsrs

Hanni, fingir nunca é bom. Nunca mesmo...

Saca, baby, casa comigo? =D Brincadeirinha. Mas eu te entendo e concordo com você em tudo - e quanto à carência emocional, não há o menor problema, é mesmo bom! O que nunca é bom é depender de outras formas que não a emocional. E quanto à coisa do espaço, confesso: eu cheguei a me questionar se estava certa, porque também tenho total necessidade dele e não sei viver sem ter e dar espaço. Até hoje, fui chamada de insensível, disseram que eu não gostava... Vai entender.

Beijos!

Garotas de Vinte e Poucos disse...

acho que cada um tem q ceder...
a nega inteligente não vai achar sempre um mega inteligente por ai e o Brad Pitt nem sempre vai achar uma Angelina Jolie.....
Bjo
*lala*

Camila disse...

justo, muito justo, justíssimo.

Aline T.H. disse...

Lala, ceder, sim. Mas abaixar o suficiente pro cofrinho ficar à mostra? Não.

Ice... Só? Discorra sobre o assunto, vai =)

Beijos, meninas.

Anônimo disse...

Eu também não acho o brad pott a última bolacha do pacote. Dizem as más línguas que elçe não curte um bom banho; ecath!
Hahahahahaha..

Brincadeiras a parte, adoreiii o texto. Penso da mesma forma e acho que é por isso que estou solteira.
Entre ficar com um vagabundo machista e ficar solteira (não sozinham claro. Mulher inteligente não fica sozinha nunca!) é melhor a solteirice.
;D

Beeeeijo

Heber disse...

Bem, deixo minha opinião:

Uma pesquisa recenta (vista não sei onde, preciso encontrar isso já!) dizia que as mulheres que se sentem menos felizes são aquelas que compõem a classe AA, isto é as mulheres mais bem sucedidas socialmente. Completamente realizadas no campo porfissional, mas no familiar e amoroso, não.

O que isso quer dizer? Não sei.
Talvez justifique que o ser humano está sempre buscando interferir no equilíbrio da natureza, e o protencionismo (necessário) utilizado para que as mulheres pudessem ascender numa sociedade patriarcal e machista, acabou trazendo reflexos noutra seara. Foi um 'avanço' mt rápido, e - usando termos econômicos - digamos assim, não 'sustentável'.

Mas, divagações, apenas...

Aline T.H. disse...

Heber, seja bem-vindo. Também já li sobre isso em algum lugar... Mas nenhuma das mulheres na qual pensei quando escrevi esse testo (incluindo eu mesma) estão na tal classe AA! Falo de mulheres que precisam trabalhar pra se sustentar (e olhe lá) e que ainda nem solificaram uma carreira de forma completa.

Enfim, divagações são sempre bem-vindas também =)

Beijo!

Acabou. Boa sorte!

Em pleno 2020, em plena pandemia, em um momento onde a maioria está passando por uma mudança radical em suas vidas, resolvi voltar aqui e s...