Ok, eu conto...

Era uma segunda-feira como têm sido as últimas: cinza. Havia uma entrevista marcada (deve ter sido a 2.874.915ª) pra depois do almoço e mais nada a fazer na rua - os documentos roubados só teriam suas segundas-vias providenciadas hoje - então estava em casa de volta antes das três e meia da tarde.

Por volta das quatro, o telefone toca: DDD 11 e o número do RH que estava cuidando do processo seletivo que mais queria. "Você pode ir ainda hoje até a empresa? Porque você será contratada, mas não diga que te contei, ele quer conversar com você novamente".

Eu disse que essa vaga era minha, e é. So, that's the best news I had =) Conformem-se, porque é provável que eu passe alguns dias sem regularidade nenhuma aqui - mas feliz DEMAIS, garanto.

Eu queria agradecer de coração aos amigos e amigas que torceram por mim - isso faz toda a diferença, viu? Prometo um chopp / suco / vinho com cada um/uma, de verdade, assim que possível (vocês sabem que pretendo viajar um bocado mesmo, né?). Thanks a lot =*

I'm sorry, Garfield, my master!!!

Eu costumo odiar as segundas-feiras, de acordo com meu mestre Garfield, mas preciso fazer uma exceção à esta e Garfield há de me perdoar!

Amanhã (hoje) eu explico. Aguardem o motivo de tal exceção (sim, O motivo, porque o motivo já era suficiente pra eu estar feliz, oras), é bom. Agora vou pra minha cama dormir, que já comi chocolates o necessário para fazê-lo. Ou não...

"I've tried so... not to give in..."

Hello there...

Sempre adorei essa música. Houve um tempo em que alguém quis ser associado ad eternum à ela, mas não conseguiu - era pretensão demais. Hoje ainda não a associo a ninguém, mas a uma pretensão pra um dia desses qualquer. Who knows...



I miss you, Blink 182

Fiquem com ela pro fim de semana. E aproveitem os seus!

Sim, tou soltinha, até demais. Até segunda passa =D

Thanks a lot, babies

Amigos, amigas, todos,

Agradeço MUITO pela preocupação, pelo carinho, por tudo. De coração. Tou bem, vida que segue e nem preciso perder meu tempo (tenho que economizar pra burocracia vindoura, né?) e minha raiva (que vai ajudar também, eu sei) com uma coisa insignificante daquelas que me roubou. Ele vai ter o dele e eu não preciso me fazer mal pra que isto aconteça. Graças a Deus eu tou bem, com saúde e as coisas que foram, foram. Que venham novas.

Seguindo um conselho - quase uma ordem, rs - vou viajar nesse fim de semana, se a chuva deixar. Sair daqui e tentar me distrair um pouco, já que a burocracia só recomeça na segunda-feira mesmo. E prometo voltar ainda melhor do que já consegui ficar graças a todos vocês =)

E repito aqui a praga lançada: o desgraçado vai ter intoxicação alimentar com meus doces, alergia ao meu perfume, vai se cortar com o papel A4 e sofrer até! =D

Beijo na bunda e até segunda (consegui dizer certo)!

Essa MERDA desse lugar

Eu tenho um marcador aqui que é o cidade maravilhosa. Ele vai ser devidamente retirado a partir de hoje, porque se isso aqui um dia foi uma cidade suportável, deixou de ser há tempos - maravilhosa, então, já não é há séculos - e olha que tem muuuuuito tempo que os escritores falam das merdas existentes aqui. Portanto, exclui-se um marcador. E ainda, exclui-se toda e qualquer possibilidade de eu continuar a viver aqui assim que seja possível me mudar. Quem me conhece sabe que já não quero ficar aqui faz tempo, mesmo antes de ter voltado ano passado.

Quando estiver mais calma, é capaz de eu dizer que é pena, que a cidade é tão linda (e é mesmo, o post de ontem mostra, mesmo com fotos tão mal tiradas) e que os governantes blablablawiskassachê. Pena é o caralho. Aqui, só jogando uma bomba, destruindo tudo e reconstruindo de novo - e não tirem ninguém de dentro da cidade, por favor, porque se sobrar UM 'carioca exxxxperrrto', a merda vai renascer. Me incluam nessa. E incluam aquele filho da puta daquele playboy que me apontou uma arma no pescoço, bem forte pra deixar marca também. Ou então, avisem-me antes, que eu acho esse desgraçado e torturo ele mas deixo vivo, pra sofrer o quanto puder.

Lei? Direito? Esqueçam que um dia eu me empolguei com isso. A única lei que funciona aqui é a lei do cão, e dessa não faço parte nem quero fazer. Tou com raiva agora, sei que vai passar e que eu não sou assim na maior parte do tempo, poupem seus dedos, então. A raiva louca vai passar qualquer hora. Mas neste momento, eu só desejo todo o pior possível praquele desgraçado do caralho. Então eu vou ficar calminha? Desempregada, com o PUTA CURRÍCULO que eu tenho (modéstia que se foda, é verdade mesmo), fazendo das tripas coração pra pagar o meu carro, tendo sido FUDIDA por um coitado que nem quero mencionar aqui (e FUDIDA no sentido menos literal da palavra, o mais feio mesmo) e tendo me reerguido... Ah é demais pra mim.

Amanhã eu devo voltar ao normal. Mas hoje eu quero mesmo é sangue. Que Deus me perdôe.

Do you remember that time?

Nestes dias quando é tudo tão atípico e inexplicável (eu que não me atrevo nem a tentar), resolvi ler o que eu escrevi há um ano atrás. Quatro posts, eu estava verborrágica. E neles temos Roberto Carlos, pré-embarque (gente, já até esqueci o que é isso) e cólica (oi, coincidências infames?), os viajores de sempre e açúcar. Lots of, argh. Mas a música que embalou o açúcar em questão é das melhores, podem confiar.

Hoje não estou muito doce, ando até meio a fim de uva verde mesmo. Ou vinho carmenère, pode ser. Vejamos se até mais tarde isso muda e eu me adoço um pouco - ou sou adoçada, vá saber.

Pessoas num engarrafamento

Meus olhos são como janelas de uma pequena casinha, de sapê mesmo, onde mora uma infinidade de pessoas: muitas mulheres e alguns homens. Todas essas pessoas são ávidas por cores e parecem se alimentar delas, bem como das formas diferentes – e, por que não, das tão bem conhecidas? – e dos sons que vêm junto. As pessoas residentes desta casa gostam do que vêem, mas de vez em quando algumas mais sensíveis insistem em mostrar às outras alguns detalhes que, normalmente, passariam imperceptíveis...

Essas pessoas hoje estavam muito ativas, as sensíveis. A cada detalhe diferente que viam na paisagem que acompanhava o engarrafamento sem fim, cutucavam as outras (sérias, tensas e mal humoradas) e as mostravam, apontavam, quase gritavam pra que estas olhassem. E de tanto serem cutucadas, as tais pessoas sérias e mal humoradas acabaram olhando pro lado. E esqueceram, momentaneamente, do engarrafamento, do stress, do mau humor e das preocupações que pareciam tão inesquecíveis. E ficaram tão felizes e tão em paz, todas as pessoas dentro da casa, que se fez um silêncio ensurdecedor, de repente, mesmo com música em alto volume e várias buzinas do lado de fora. Foi quando uma (ou mais pessoas, vá saber) teve a sábia idéia de registrar esse momento, para que nenhuma delas nunca mais esqueça de olhar pro lado quando as coisas na frente não parecerem bem.



E todas as pessoas comemoraram o registro. E veio outro destes momentos, quando as mais sensíveis gritaram para que todos olhassem mais uma vez pro lado e, como não são bobas as tais pessoas (só quando escolhem ser, mas estas que escolhem nem são tão mal humoradas assim), imediatamente se debruçaram na janela e seguiram o conselho.



Alguns momentos deste tipo ocorreram no meio da tarde de hoje. Passados eles, tudo voltou ao normal: as sensíveis continuam olhando tudo com outros olhos, as mal-humoradas continuam resmungando, as bobas continuam sonhando e as janelas continuam abertas, ao menos por um pouco mais de tempo – quando todos resolvem dormir, o último que estiver acordado as fecha, é sempre assim.

“Mas... O que tem demais essa historinha boba de gentes de vários tipos dentro de uma casinha de sapê com telhado vermelho? E essas fotos tão mal tiradas?”, alguns se perguntam. E eu respondo sem cerimônia alguma: nada demais, só uma maneira de deixar registrado que precisamos permitir que as pessoas sensíveis comandem mais o grupo, principalmente quando as pessoas mal humoradas e amargas estiverem ativas demais. Passamos todos pela vida sem olhar pro lado, se não deixarmos as sensíveis, por um minuto ou poucos segundos que sejam, serem as comandantes. Breves momentos nas mãos destas pessoas aqui dentro podem amenizar horas, dias ou semanas que fiquem nas mãos das outras, fazem milagres e abrem até sorrisos. Mesmo num dia em que os guardiões da saída da porta principal, aqueles brancos e durinhos, insistam em ficar escondidos.

Be right back

Vou ali na caçadora de cabeça e já volto. Wish me luck, babies, I need it, aparently. Mais tarde posto. Se minha barriga deixar e eu conseguir lembrar de alguma das boas idéias que sempre tenho dirigindo... Ah, vou seguir um conselho que me deram, levar um gravador =)

(do jeito que eu tou lesada hoje, capaz de nem achar o botão de rec do bendito)

Tão eu

TPM é um período no qual todas as mulheres ficam muito mais sensíveis, muito mais agressivas e muito mais chatas. É fato, não dá pra negar, eu fico um porre (ou um ainda maior) quando estou 'naqueles dias'. Quando junto a TPM com minha suscetibilidade musical, então... Sai da frente - posso dançar horrores ouvindo minha preferida do Jet ou ficar com a maior cara de bunda ouvindo Lucky Man, isso sendo uma em seguida da outra.

Não sei se todo mundo é assim, se eu sou a louca total (porque louca eu sou mesmo, ao menos no juízo comum das gentes, graças a Deus) ou se pelo menos alguns outros seres humanos nesse mundo tão grande se identificariam com essa minha paixão por música e essa minha facilidade de viajar enquanto as notas musicais entram pelos meus ouvidos sem pedir licença. Mesmo fora da TPM, sou tão sensível à música que chego a ficar meio alheia quando ouço alguma que não conheça e goste ou ainda quando uma das velhas conhecidas vem me fazer uma visita pelo rádio. Chego ao cúmulo de desligar do resto do mundo e fechar os olhos mesmo - como agora, que Cássia Eller começou a cantar e eu faço coro com ela, dizendo que 'esse cara tem a língua solta, a minha carta ele musicou!'.

É claro que algumas tem lugar cativo e outras são bem-vindas quando chegam de surpresa, mas não sou de escolher repertório conforme o momento e selecionar as que têm a ver com meu mood de então - meus MP3 ficam todos numa lista de 'favoritos' no player e apenas aperto o play - e acho que por isso gosto tanto de rádio, que é sempre o preferido quando dirijo na cidade, mesmo que a Cidade não exista mais e faça muita falta - e agora Noel e Liam vêm me dizer aos ouvidos que 'todas as estrelas estão se apagando, apenas tente não se preocupar, você as verá algum dia', enquanto fechava os olhos novamente e cantarolava baixinho, esquecendo desse texto aqui.

O fato é que toda e qualquer música que eu ouça, intencional ou acidentalmente, me muda de alguma forma (e na TPM isso aumenta). Mesmo que seja uma daquelas coisas horrendas como Calypso, caso no qual terei uma reação de raiva ao fato de um/uma infeliz assim ter nascido e alguém pior ainda ter dado chance à essa pessoa de estar no rádio e, pasmem, gravar um CD. Andando na rua, dirigindo, escrevendo, trabalhando, conversando ou ainda fazendo coisas mais agradáveis como beijar (and even more), eu literalmente danço conforme a música. No último caso, feliz daquele que esteja comigo se Nando Reis resolver aparecer e perguntar 'Por que está amanhecendo? Se eu não vou beijar seus lábios quando você se for?'; ou infeliz, se Mike Patton resolver sussurrar que 'eu te direi todas as coisas que você quer ouvir, não se preocupe, baby, não há nada a temer'...

Sempre é tempo de aprender...

Minha amiga, sempre tão inteligente e tão esperta, acaba de me ensinar mais uma coisa nova: hoje, dia 22 de setembro, é o Dia do Amante. Pra mim era só o dia do início da primavera, vejam vocês o tamanho da minha inocência...

Deve ser por isso que o MSN tá mais vazio que copo de cachaceiro. YOU PERVERTS! =D

(e se alguém comentar que eu estou em casa, sem nada melhor a fazer do que escrever este post e chamá-los de pervertidos, vai estar certo - mas vai apanhar do mesmo jeito)

Paradoxal

Poucas coisas me assustam ou me dão medo de verdade na vida. Aranhas, por exemplo, me dão PAVOR. Mas uma das coisas que me dão muito medo é a velhice desregulada. Sim, desregulada, e vou explicar o que é e o porquê do medo que sinto.

Envelhecer é o destino de qualquer pessoa que não tenha sua vida abruptamente interrompida por uma fatalidade qualquer, e é inevitável. Não tenho medo de envelhecer normalmente: ficar com os cabelos bem branquinhos (acho que nesta parte me adiantei um bocado, mas enfim), andar devagar, ver a pele perdendo o colágeno, a visão ficar mais dificil, esquecer um pouco de cada coisa e ter várias memórias do que vivi é mais do que normal, é necessário, faz parte da vida. O que me assusta é quando há um paradoxo corrente entre corpo e mente: a pessoa que fica doente mas tem muita lucidez ou o contrário, aqueles cuja mente envelhece rápido demais e o corpo ainda não mostra tantos sinais da idade. Conheço um caso de cada, e ambos me assustam horrores.

Fico pensando em como seria se eu ainda gostasse de caminhar, ir à padaria ou ao cinema a pé, mas meu coração - que antes era muito, muito bom - não quisesse me deixar fazer tais coisas. Ou se meu olhos não tivessem mais capacidade de me deixar ler o jornal ou um livro, enquanto minha mente ainda fosse ávida por informação, por palavra. Ainda, se não pudesse comer os alimentos que mais gosto nunca, nem um dia que fosse, enquanto ainda me lembrasse o gosto deles. Acho que me sentiria uma prisioneira da matéria e ficaria ou louca, ou deprimida.

Mas também imagino o que leva uma pessoa que caminha perfeitamente, cujo coração parece o de uma criança, que tem todas aquelas 'taxas' muito chatas contidas nos exames de sangue e enxerga tão bem quanto há dez anos a ficar velho de repente no pensamento. Não querer sair, achar tudo absurdo e dizer que 'no meu tempo era muito diferente', entristecer como se a vida estivesse próxima do fim, mesmo que seu corpo insista em dizer o contrário. Me coloco no lugar de uma pessoa assim e imediatamente fico triste, cabisbaixa e até revoltada, porque há um veículo que ainda move essa pessoa para onde ela quiser, ainda há olhos para ler e essa pessoa ainda tem capacidade para fazer as coisas que quisesse - mas ela simplesmente deixou de querer. E deixar de querer é triste demais.

Penso, penso e sinto. Muito. Não posso fazer nada sobre isso, a não ser tentar ser uma boa pessoa para ambos os 'meus' casos e tentar aprender com eles o que puder. Essa impotência é comum a todos nós, eu sei, mas continua sendo incômoda da mesma forma. Tenho medo de ficar assim, mas quero arriscar chegar lá e pagar pra ver, não sou covarde. Mas isso não significa que não farei de tudo para evitar.

Momento diarinho. Porque eu tenho direito.

*Se você veio procurando um novo post ao menos razoável, corra daqui agora mesmo. Isso aqui é meu diário quando bem entendo, e hoje é destes dias*

Eu já tinha ficado triste por não poder ir à Sampa nesse findi (e cheguei tão perto, acho que isso doeu ainda mais) ontem à tarde, mas tudo bem. Depois fiquei mais triste à noite, apesar de coisas ótimas terem ocorrido no meio de tudo (e eu sei do que falo e não interessa a mais ninguém isso, me desculpem). Hoje é sábado e não tou triste, mas ainda estou preocupada, apesar de ter revisto um amigo de muitos anos hoje.

Quero bolo de chocolate pra passar.

*âpdeite: Cunhada linda, que lê o blog, faz aniversário hoje!!! Não sei se ela leu o post, rs, mas mandou muito bolo de chocolate pra mim \o/ Cunha, querida, PARABÉNS! Tudo de melhor pra você sempre. Você sabe que eu te adoro!!

Don't you dare! (ou um post desafiado)

O Português (não o Seu Manel da Padaria, a Língua Portuguesa) é muito difícil em sua forma mais simples: cheio de inflexões, sinônimos e homônimos. Quando falamos de expressões idiomáticas, então, a coisa praticamente pega fogo, pois poucos são hoje os brasileiros que dominam os significados de várias delas. Algumas foram desvirtuadas e modificadas, como a famosa "enfiar o pé na jaca", que em seu original era "enfiar o pé no jacá" (jacá é aquela cestinha que os burros ou cavalos carregam penduradas em seus lombos), e outras mais que não me vêm à mente neste exato momento. Hoje vamos falar de uma dessas expressões (mas com ares que não os de professora, pois ensino Inglês, ok?): duas caras.

***A expressão registrada no Dicionário Prático de Locuções e Expressões Correntes, de Emanuel de Moura Correia e Persília de Melim Teixeira (Papiro Editora), é "ter duas caras" e significa "mudar facilmente de opinião; ser falso, hipócrita".***

Você é duas caras? Eu não sou - não segundo a definição acima - porque não mudo de opinião facilmente (sou teimosa mesmo), não sou falsa e hipócrita, então, muito menos. Mas hoje em dia é bonito chamar alguém de duas caras, ao que parece. Porque ser gentil virou ter duas caras, bem como omitir-se em certas opiniões ou tentar evitar conflitos desnecessários. Usar o 'duas caras' virou cult dentre as pessoas, porque quando dizem que 'Fulana é duas caras!' automaticamente passam a ser os mais honestos e verdadeiros na face da terra. Ou ao menos se acham assim.

Ser duas caras é comer quilos de chocolate e ir à academia reclamando de não emagrecer, como se o culpado fosse o pobre do professor; é fazer a mãe de empregada dentro de casa e falar mal dela na rua; é dizer que casou virgem quando só o que faltava dar era o buraco principal, porque todos os outros possíveis já estavam gastos até; é fazer piadinha racista na frente dos amigos e dar mole pro Michael Jordan; é comer, gostar e dizer que nunca viu mais gorda.

Não, não sou duas caras. Me preservo, omito o que acho conveniente e 'como quieta', mas não falo com a vizinha que detesto só porque o jardim dela está florindo e o meu ainda anda baixo, nem saio por aí posando de menina quando sou mesmo é mulher. Me protejo do mundo, porque ele mesmo me ensinou a ser assim, mas a cara é sempre uma só. Sou educada porque mamãe me educou e eu aprendi direitinho, mas não chamo de amigo quem é apenas conhecido. Sorrio e calo quando percebo que de nada vai adiantar dizer alguma coisa, mas não por falsidade - prezo minhas palavras demais para dizê-las a esmo, só isso.

Se auto-preservação, educação, polidez e maturidade são sinônimos de ser uma duas-caras, em algum dicionário que alguém encontre por aí, podem me incluir como exemplo vivo da expressão. Do contrário, deixem-me com minha cara única (e nem sempre das mais belas) e meus adjetivos, que me são tão caros, enquanto vivo como aprendi. Na base da porrada.

O tema foi escolhido num desafio feito entre as blogueiras Ludmylla Meyer, Aline T.H. e Lekkerding. O desafio: escrever, até meia-noite, um texto sobre o tema proposto pela outra. A Lekkerding me propôs o tema "Duas Caras", e nem fiz a menor questão de versar muito sobre o tema ou colocá-lo no meio de algum texto mais poético. Porque hoje estou afiada mesmo - conseqüência do ótimo humor. Enjoy!

E o sol ainda nasce, bem como a lua

Eu leio a paisagem à minha volta enquanto olho um livro muito bom. Dirijo minha vida enquanto penso no meu carro. Como a tevê enquanto vejo meu almoço. Sorrio pra calçada enquanto ando na vizinha. Choro água enquanto bebo minha solidão. Penso na música enquanto canto alguém que ainda não existe.

Se fosse fácil, talvez não fosse tão bom. Se fosse menos difícil, talvez eu sorrise um pouco mais. Se fosse imaginação, talvez tivesse margaridas no caminho, ladeando a estrada. Se fosse real, talvez fosse em tons de cinza e não haveria o céu azul do dia nem a lua cheia à noite. Se fosse forte, talvez não conseguisse viver em sociedade. Se fosse fraca, talvez não tivesse sobrevivido ao que passou.

Cada dia a mais é um dia a menos, cada mês a menos é uma vitória a mais. Cada segundo conta, mas as horas passam como se voassem e não fizessem a menor diferença. Cada lágrima que cai é uma angústia a menos, cada sorriso a menos é uma tristeza a mais. Cada segundo, cada hora, cada dia, mês, ano ou vida, faz diferença pro mundo. Cada sorriso também, bem como cada lágrima derramada.

A palavra dita marca, mas a escrita é para sempre. Nem a tecla de delete tem o poder de mudar isso. Deletamos textos, conversas, xingamentos e promessas de amor das telas, mas uma vez lidas ou escritas, estão no HD mais poderoso que já se viu. Cada palavra tem vida própria e esta não depende da vontade de quem a use num texto. Uns lerão tristeza, outros alegria; terceiros verão loucura, outros tantos verão verdade, mas nada disso importa para quem escreveu. Que cada um veja com seus corações e sinta com seus olhos - só quem proferiu as palavras escritas, ditas, sussurradas ou gritadas sabe o que tentou dizer com elas. E assim será sempre que palavras estejam presentes. São como mentiras brancas, o perdão de um pai ao assassino de seu filho ou até mesmo gargalhadas em um funeral: nem sempre os receptores entendem, mas os autores sabem o porquê. E só a eles cabe saber.

Só...


Leo Jaime

Composição: Leo Jaime

"Alguém sabe o que é
Ficar em casa só e chapadão
Olhando pela madrugada
O poltergeist da televisão?

De noite no meu carro
É sempre a mesma direção
Será que eu encontro
Alguém que vá matar a minha solidão?

Eu vivo só, só, só
Nem sei se é porque eu quis
Eu vivo só, só, só
E acho até que sou feliz

Alguém sabe o que é?
Não ter há muito tempo uma paixão
Chegar de manhãzinha em casa
E colocar na geladeira o coração?

E quando encontro alguém
Que vai em outra direção
Não sei o que acontece
Nada muda essa situação"

O show foi bárbaro, post amanhã. Por hoje, fico com essa música. E a minha cara de cu.

Me, my hair and my friend

Hoje sairemos: eu, meu cabelo à la Uma Thurman em Pulp Fiction (amei essa, Jurandir, 10pts pra você!) e minha amiga Noca para irmos ao show do Leo. Tá um frio congelante, daqueles que deixam os dedinhos do pé roxos, mas nem te ligo. Mentira, ligo sim - comprei um vestido listrado P&B até o pé, liiiiiindo, e tou louca para usar. De alças, então está fora de questão fazê-lo hoje.

(eu ando falando umas coisas que não são muito minhas aqui no blog. Que coisa.)

Então vou de bota e casacão de couro MA-NO! Se possível, trarei fotos e vídeos para quem goste, prometo. Mas prometo mais ainda me jogar todinha no show. Já que ando me jogando muito, muito pouco. Se é que vocês me entendem.

Eu prometo tentar postar algo útil ainda hoje. Prometo mesmo.

O Dia da Titia

Coloquei foto nova no perfil - tirei a orelha solitária com brinco prateado. Coloquei minha foto de hoje (a minha linda amiga me ensinou a tirar fotos - tá boa essa, tia??) mais cedo. Franjinha de novo! E que tal, povo, tá ruim demais ou só ruim? Ela me disse que tou a cara de mamãe...

O look renovado (e arrumado) teve motivos formais, mas não que não tenha sido excelente pro compromisso de amanhã: show do Leo Jaime no Centro Cultural Veneza. Ganhei dois ingressos da Antena1 Light FM do Rio e vou. Curtir muito, claro, como sempre, porque os shows dele sempre são ótimos!

Fora isso, tudo na mesma: muuuuito frio (e nem é de frio de carioca que eu tou falando), chuvinha fina e vontades várias. Mas isso nem é assunto praqui, viu... Além do mais, o tempo cuida de tudo, por que não cuidará delas?
Dia cheio hoje - o que é sempre muito bom. De vazio, basta meu estômago de dieta.

Quickies - 'cuz Mondays are not that exciting

A semana começou fria e chuvosa. De novo. Mas dessa vez começou menos parada e acho que isso acabou me influenciando positivamente - nem down estou, vejam só. Que Garfield me perdôe por essa heresia tamanha!

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Hoje fiz alguns âpdeites aqui na Casa: a listinha do Eu leio tá atualizada (chequem e descubram, lazy people) e coloquei o selo Dardos que ganhei da minha amiga lá no cantinho dos presentes. Ainda tem mais a ser feito, claro. E aproveito o ânimo de hoje (sendo segunda-feira, coisa raríssima) pra ver se faço tudo.

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Sabe quando você tem a leve suspeita de que alguém está 'tirando uma' com a sua cara? Eu tenho uma memória excelente, e certas coisas voltam na minha cabeça quando menos esperam. E, quando voltam, normalmente vêm com a análise e as devidas associações prontas já... Nessas horas eu até gosto de ter boa memória, viu. Vai ter gente lendo isso e vestindo carapuça, eu sei. Mas nem sempre falo aqui de pessoas que me lêem, lembrem-se. Ou falo.

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Vá em paz e agite a galera de onde você estiver. Eu vou te ouvir, em homenagem.

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A coluna de ontem da Martha Medeiros na Revista do Globo (sem link, porque eles não disponibilizam online) foi excelente, como sempre. Mas esta em especial me deixou tão feliz por pensar como ela que já reli mais de três vezes. Fala dos 'talvez' do mundo e como sofremos por antecipação com eles, e como esquecemos que viver e deixar acontecer é sempre muito melhor. Eu às vezes pareço meio fria, mas não sou. Só não gosto de antecipar nada - bom ou ruim - e passo uma sensação falsa de que não tou nem aí pras coisas. Estou muito aí. Só que não quero prever nada.

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Por enquanto é só. Mais tarde tem mais, povo.

Beautiful me

Essa menina tem poderes super-especiais - só assim pra transformar euzinha nessa mulher linda aqui embaixo:

Comprarei lentes verdes ontem. Porque é bom variar de vez em quando...
E assim começa outra semana - elas passam cada vez mais rápido. Deprimente pensar nisso, eu sei. Mas domingos sempre trazem aquela pontinha de depressão, como aquela gota a mais de adoçante que, ao invés de adoçar, acaba deixando o after taste.
E pra não ter mais do que só a ponta de amargor, fico por aqui. Ouvindo Sérgio Mendes & Brazil '66 e mexendo numas coisas, enquanto economizo pra comprar minhas lentes verdes.

Post sobre tudo. Ou sobre nada.

24 horas fora de casa ainda não foi o suficiente, mas nem posso reclamar. Matei saudades, matei vontades e matei pessoas dentro de mim. Instinto assassino, mas muito proveitoso e bondoso. Enquanto isso, tudo permanecia no mesmo lugar. Ou então o mundo deu uma volta completa, tá. Ainda bem que ainda teve volta completa, já que tem gente querendo acabar com isso e transformar esse mundão cheio de fome, pobreza, doenças e loucuras pérfidas em um buraco negro. É ruim mas é meu, porra.

Acho que vou ao cinema esse fim de semana ver "Blindness". Quase certo. Nunca fui ao cinema sozinha, mas há uma primeira vez pra tudo na vida da gente, não é? Ah, as primeiras-vezes da vida... Me lembro da primeira vez que usei batom, da primeira vez que usei salto alto e da primeira vez que tirei zero numa prova. Lembro das primeiras-vezes mais importantes também, mas não quero dividí-las com mais ninguém, não - o mundo vai acabar e pelo menos isso vai continuar sendo só meu.

Acabei de dizer à ela que vou ali assaltar um banco - porque dinheiro é preciso pra 99.9% das coisas. "Banco não, assalta o Fort Knox", ela respondeu. E eu vi o quanto essa minha coisa de ser simples e não querer muito me atrapalha de vez em quando na vida... Eu quero o mundo, como eu disse lá em cima, porque ele é meu. Mas quero mais dar algo a ele do que tirar dele, já que sempre fui assim. Sempre me preocupei mais com o cavalo do que comigo mesma nas quedas - erro ou acerto, sou assim. Ou fui. Ou serei, não sei.

Se é o princípio do fim eu não sei responder. Sei que tenho muito a fazer antes que acabe. Beijos, tapas, noites, manhãs, risos e lágrimas, fora os afazeres mais loucos. O curioso é que sempre que ouço essa música, fico meio down e pensativa por no mínimo uma hora, sempre fiquei. A pergunta que não cala - a música imortaliza pessoas, frases e sentimentos - talvez seja feita de fato, com um propósito real e imediato, em menos tempo do que pensávamos todos. Quero conhecer gentes em especial, quero dar bom dia a estranhos na rua, quero me encontrar de amor e me perder por dentro, porque tenho só trinta anos e ainda uso chiquinhas com vestidinhos de menina.

Nunca fui Jessica Rabbit ou a Tempestade (se o fim do ano ainda chegar, ao menos, serei a segunda por uma noite, com direito a lentes brancas e tudo), nunca fui beijada na chuva, ainda não comi todo o sashimi que meu estômago agüentar e nem bebi todo o prosecco que conseguisse antes de apagar num coma alcoólico. Mas já amanheci o dia ao lado de quem queria e vi o sol nascer, já bebi tequila até cair, já fui aluna safada e santa do pau-oco. Já fui mulher e menina, mas não fui mãe. Quero voltar a ter cinco anos de idade, quando as bonecas eram minhas filhas e eu achava que felicidade era comer pipoca, uvas-passa e visitar a vó aos sábados. Dá pra voltar no tempo sem desfazer a invenção da web?
Tô viva, gentes. Correndo mais que o Daniel Dantas da PF, mas viva - e muito, MUITO bem, obrigada. Volto mais tarde pra escrever algo que preste. Well, seria a primeira vez na vida =D

Beijo na bunda e té mais tarde.

Sempre, sempre

“What I've got they used to call the blues
Nothin' is really wrong
Feelin' like I don't belong
Walkin' around
Some kind of lonely clown
Rainy Days and Mondays always get me down.”

Carpenters, Rainy Days and Mondays

Ontem tivemos os dois. E me senti mesmo como esse pedacinho da música. Sou uma pessoa de cores e o cinza não me faz bem – pelo que me lembro, só tive uma roupa cinza na minha vida. E, mesmo assim, só usava com o vermelho junto, pra animar.

Falo aqui do cinza-céu-nublado, claro. As variantes mais escuras, como o grafite, não me incomodam tanto – é mais preto do que cinza, deve ser por isso – e nem me fazem tão mal, seja nas roupas ou no céu, já que só temos o grafite à noite. E as noites sempre foram mais fáceis para mim, mesmo quando as estrelas tiram folga.

Já as segundas-feiras... Bem, sou devota de Garfield – o gato, note bem. Viciada em café, adoro lasanha, sarcástica, gosto de dormir e odeio o primeiro dia útil da semana (não idolatro minha pança, deve ser a única diferença). A segunda-feira é tão desagradável que contamina até a noite do dia anterior – pra maioria dos humanos que conheço, ‘a noite de domingo já é segunda-feira’, e raras vezes não o foi para mim também.

Hoje é terça-feira e o tempo continua chuvoso e cinza. O meu primeiro mood do dia foi ‘bem-disposta e ativa’ (acordei cheia de idéias quanto a trabalho), agora está mais para ‘falante e cheia de opiniões’. Vejamos o que o resto do dia me reserva. Com o céu cinza desse jeito, não tenho como escapar de dez minutos de ‘calada e amarga’, isso é certo. Mas confio que a instabilidade de hoje seja mais para o outro lado – afinal, é para isso que serve uma boa instabilidade, não? – e a terça-feira termine com ‘realizada e em paz’.

E, caso não seja assim naturalmente, como o resto da barra de chocolate que está na cozinha. Não resolve, mas a doçura – na boca, ao menos – conforta.
Sempre fui uma anta em Física, mas confesso que a tal da inércia eu entendo. Quanto mais parada fico, mais parada tendo a ficar. Se o tempo (weather, not time) ajudar como hoje, então, capaz de nem respirar pra não dar trabalho.

Sunday Quickies

O fim de semana foi caseiro, mas foi bom. Sinal de velhice? Não. Simplesmente não tenho a menor paciência para ser útil num fim de semana. Prefiro ser companhia festejada e desejada. E já que o fui em casa e via MSN (a conversa de mulheres mais doida e engraçada dos últimos tempos, diga-se de passagem), fico mais feliz do que se tivesse saído pra um lugar que não estava a fim, gastado uma grana que não tinha e sido simplesmente útil no lugar.

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Eu descobri que passo uma sensação de segurança total a algumas pessoas. É bom, mas deve ser meio assustador e louco. Pois bem: fico vermelha quando me elogiam e tenho uma autocrítica madrasta (já falei dela aqui). Sou cheia de inseguranças, falhas e não suporto a idéia de magoar alguém. Acontece que normalmente sei no que sou boa e no que sou ruim, e tento melhorar sempre (créditos à madrasta má), além de já ter passado por algumas coisas na vida. Acho que é isso que me mostra segura. Mas a palavra mais certa é consciente...

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Rosbife me faz comer demais numa só refeição. E usar pimenta do reino sem casca como quem não precisasse viver amanhã. Ainda bem que comi muita salada, pra aliviar o peso. Na consciência, claro.

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O tempo tá ficando feio aqui. Mais um motivo de preguiça e para não ir treinar. A barriga ainda não diminuiu, começou a chover, tem jogo da seleção (?!) às sete e nem o pijama tirei ainda. Que, aliás, é salmão e nada, nada sexy.

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Queria saber quem é o responsável pela MTV ter saído da programação da Sky. Só prestava nessa época do VMA (eu admito, quero ver a Britney e se Jacko vai estar lá). Damn.

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Só pra lembrar às meninas do chat de ontem: eu sei que o Ricky Martin não gosta da fruta (ao menos não só de uma). Mas eu fazia do mesmo jeito. Com gosto. E se você disser que ele é vesgo de novo, eu deixo você vesga quando te vir, aqui no Rio ou aí em Sampa. E tenho dito.

A discussão é velha, mas a opinião é minha

“Gente, sou eu a única mulher cafajeste assumida aqui?! Fiquei com vergonha agora...”

A frase em questão veio de um comentário meu no blog O Equilibrador de Pratos, no post de ontem, e desencadeou uma série de conversas, perguntas, questionamentos e observações – e o sexo em si, tanto quanto a postura assumida, acabaram ficando de lado e dando lugar ao questionamento sobre a independência feminina e ao porquê de tantas mulheres seguras, independentes, inteligentes e, pasmem, bonitas, estarem sozinhas.

É claro que a opinião masculina conta muito, e uma das que recebi (do Hannibal, um dos Equilibradores) disse que “belas, interessantes e inteligentes, estão sós por serem inteligentes, querem uma companhia de nível ao lado, entende?”. Confesso que essa opinião, vinda de um cara, chega a surpreender (de maneira muito positiva, claro). E concordo com ela, mas vou além. Digo que mulheres independentes assustam um pouco, não passam muita segurança – afinal de contas, se ela troca lâmpadas sozinha e não precisa do seu dinheiro nem pra pagar as contas da casa, por que ela precisa de você? Não estou generalizando, obviamente, mas a maioria dos homens pensa assim, mesmo que seja num cantinho escuro machista remanescente na cabeça dele. Insegurança é normal em qualquer ser humano, e não há porquê termos vergonha disso. Muito mais cômodo é ter alguém que dependa mais de você em qualquer outra coisa que não seja sentimento apenas, é mais palpável.

Conheço várias mulheres lindas, inteligentes, agradáveis, engraçadas e independentes que estão sozinhas. Tirando o linda (porque nesse quesito sou modesta e exigente, fico com o bonita), me enquadro como uma dessas mulheres. Nenhuma delas está procurando nada (até porque procurar é o primeiro passo para errar) mas vira e mexe encontram alguém que julgam interessante e desperte interesse – e não dura mais do que alguns encontros. Talvez porque tenham servido o vinho, ou dito que gostam de ler clássicos e cozinhar. Vai saber. Fato é que a variedade de gostos, a postura aberta e franca, a humildade no que precisa ter e a falta de modéstia necessária aos assuntos nos quais são ótimas nem sempre são elementos bem-vindos. E talvez tenham assumido que sexo por sexo já fez (ou faz) parte de suas vidas.

Não vou julgar aqui ‘as outras’, não gosto de julgar ninguém. Tenho minha opinião quanto à subserviência, dependência e não-inteligência (mesmo que fingida, que é mais comum do que muitos imaginam) e fica bem clara pelo que não foi dito. Até porque sou absolutamente contra 8s e 80s: meio termo é a chave da vida. Já estive do lado 8, já estive do lado 80 e digo que prefiro os 44. Com pimenta e sal, claro. O que realmente não dá pra agüentar é fingimento e gente que se encolhe pra poder agradar a gregos e troianos, isso não – até porque mentira tem perna curta, como dizem os mais velhos, e acaba tropeçando quando corre demais. As máscaras caem, cedo ou tarde. Basear seu comportamento em testes de revistas femininas é tão seguro quando saltar da Pedra Bonita sem asa delta ou parapente. Pode até ser que as mulheres mascaradas não fiquem sozinhas na maior parte do tempo, enquanto as sinceras permaneçam como estão. Mas... Vale mesmo a pena?

Estar com alguém só é bom quando não há outro motivo senão os importantes para isso: amor, carinho, respeito, amizade e vontade. Bom sexo também entra nessa lista, claro. Não precisa ter uma santa do lado – normalmente santas são do pau-oco – ou mesmo uma bonequinha de porcelana – essas quebram quando menos esperamos. As mulheres das quais falo aqui também não querem nenhum Brad Pitt (belo e milionário) vestido de mecânico, sujo de graxa e que saiba mexer em tudo em casa enquanto lê Einstein e explica pra elas como se falasse da tabuada.

“Antes só do que mal acompanhado”, é o ditado. Será que não existem mais boas companhias para mulheres ótimas? Será que essas mulheres devem se esconder debaixo de clichês? Será que devemos começar a fazer aqueles testes de revistas femininas altamente ridículos a fim de nos enquadrarmos e sermos mais 'beges' e menos vermelhas? Não sei nenhuma das respostas. Mas desejo que todas essas perguntas não façam o menor sentido.

Deixando BEM claro: é um texto. Tem verdades, tem ‘licença poética’, tem opiniões próprias. Há ótimas mulheres que estão casadas e felizes - não generalizem, por favor. E eu nem acho o Brad Pitt a última bolacha do pacote.
Sem muita paciência pra escrever agora. Mas voltem ainda hoje (já passa da meia-noite), valerá a visita. Garanto.

Ao telefone

Assim ela já vai
Achar o cara que lhe queira
Como você não quis fazer

Sim , eu sei que ela só vai
Achar alguém pra vida inteira
Como você não quis

- Alô?
- Oi, sou eu. Tudo bem?
- Eu quem?
- Eu, ué. Já não lembra mais da minha voz?
- Ah, oi. (suspira) Bem, e você?
- Você esqueceu rápido a minha voz, hein?
- Não acho. E aí?

Tão fácil perceber
Que a sorte escolheu você
E você cego nem nota

Quando tudo ainda é nada
Quando o dia é madrugada
Você gastou sua cota

- Tudo bem. Novidades? Voltou mesmo a estudar?
- Voltei, sim. Tudo quase na mesma.
- Soube que você voltou a estudar e ainda não tá trabalhando.
- É por aí mesmo.
- Por que tão seca comigo? Algum problema?
- Problema nenhum... E não estou seca, estou normal.
- Então antes você não me tratava normalmente?
- Tratava diferente, talvez. Mas não de forma anormal.
- Preferia antigamente... Você era bem mais simpática e carinhosa, agora tá parecendo uma atendente de telemarketing.
- Se eu falasse 'vou estar voltando a estudar e vou estar trabalhando em breve', aí sim pareceria uma atendente de telemarketing. Não falo errado e você sabe disso.
- Quis dizer quanto à frieza, porra (irritado). Parece que nem me conhece, que tá falando com um estranho!

Não posso te ajudar
Esse caminho não há outro
Que por você faça

Eu queria insistir
Mas o caminho só existe
Quando você passa

- Não falo com estranhos ao telefone, então nem tenho como comparar.
- Ah, não fala com estranhos? Então quando ligam do banco ou pra vender alguma coisa, você simplesmente desliga o telefone na cara das pessoas, é isso? (falando alto)
- Não, mas é diferente. Você entendeu. Não complica, eu hoje não tou a fim de complicar. (sem alterar o tom de voz)
- É, eu notei, não tá a fim de falar também...
- Mas não estou falando com você, cacete? (impaciente)
- Calma, não precisa se estressar...
- Não tou estressada, mas daqui a pouco você consegue, se continuar assim.

Quando muito ainda é pouco
Você quer, infantil e louco
Um sol acima do sol

Mas quando sempre é sempre nunca
Quando ao lado ainda é muito mais longe
Que qualquer lugar

- Tá bem, parei. De resto, tudo bem?
- Tudo, já disse. Tudo bem e tudo velho, fora o novo. (suspira) E você?
- Ah, comigo tudo ótimo! Eu tou num trabalho nov...
- (corta) Ah, que bom pra você.
- Porra, nem deixa eu terminar. Achei que você ia gostar de falar comigo, tem tempo que a gente não se fala, eu tava com saudades...
- (gargalhadas) Ah, tá bom, então. Fala aí...
- Deixa pra lá. Já vi que você não quer mesmo falar comigo e tá sendo educada só.
- Hmm.

Se a sorte lhe sorriu
Porque não sorrir de volta?
Você nunca olha à sua volta

Não quero estar sendo mal
Moralista ou banal
Aqui está o que me afligia

- Tá bem então. Não foi um prazer falar com você hoje, viu, mas qualquer dia eu tento de novo.
- Ok então, beleza. Beijo e boa noite.
- Posso ligar qualquer hora dessas?
- Desde que não seja de madrugada ou aos sábados antes das onze da manhã, fique à vontade.
- É, eu sei o quanto você detesta as manhãs. Eu lembro que...
- (corta) Tchau, um beijo, a gente se fala.

(desliga)

Que pena ela já vai
Achar o cara que lhe queira
Como você não quis fazer


Sim , eu sei que ela só vai
Achar alguém pra vida inteira
Como você não quis...

(trechos de Acima do Sol - Skank)
Todos os músculos do meu corpo (alguns dos quais eu nem desconfiava da existência com possibilidade de uso) resolveram dizer oi. Não tem problema. A partir de ontem, eles vão trabalhar de novo mesmo. Voltei a treinar.

Haja gel de arnica.

Espelhos do mundo lá fora

Às vezes sonho que tenho asas e posso voar o dia todo, por todo lugar, o quanto queira, só pousando para comer e observar as gentes mais de perto, quando me interessam. Noutros dias, tenho um barquinho ultra-moderno, altamente equipado com qualquer coisa que eu precise, e navego por todo tipo de águas: negras, verdes, azuis e amareladas. Todas as vezes, o que há em comum é ser completamente livre - sem amarras, sem cordas, sem anéis numerados e sozinha. Não solitária, mas sozinha, sim.

Am I a kind of loner? Não, definitivamente não sou uma loba solitária, nem quero vir a ser. Não, obrigada. Mas também não sou alguém que depende da companhia alheia pra ser feliz. Momentos felizes, pra mim, vêm de várias coisas muito diferentes: um bom livro, uma bela paisagem, boa companhia, um beijo, uma conquista pessoal ou simplesmente um baita sanduíche que você fez na cozinha de casa, com tudo o que havia na geladeira e ficou o mais delicioso de todos, mesmo que seja pela fome negra que você estava. Felicidade pode vir de coisas simples e diárias. E é mesmo desse tipo que sinto falta hoje.

Am I miserable? Not at all. Sou feliz. De uma forma meio contida, meio podada, meio castrada, mas sou feliz todo dia, ao menos por uma ou duas vezes. Isso não significa que não queira ser feliz mais vezes ao dia ou que esteja triste por não sê-lo. E o número de momentos de felicidade num dia não é diretamente (ou mesmo inversamente) proporcional ao número de pessoas ao meu redor - sejam do tipo que me ama ou do tipo que ignora minha existência nesse mundo. Adoro boas companhias, ao vivo ou via PC, adoro estar com os que eu amo e com os que me amam, ou mesmo num degrau mais baixo, do gostar. Mas isso não significa que não aprecie os momentos em que estou sozinha. Sozinha, não solitária. Porque a pior solidão é a sentida no meio da multidão, caso alguém não saiba.

Am I blue? Todo dia. Talvez agora sim, na mesma proporcionalidade das vezes em que sou feliz e, nesse caso, por razões mais específicas e complexas das que tenho para sê-lo. Mas enquanto não meço felicidade, tomo conta da tristeza, porque não tenho direito. Não posso me sentir assim nunca, porque eu mesma penso assim. Não deixo, não tolero e não permito. Já dizia meu poeta favorito que 'tristeza não tem fim, felicidade, sim' - e quem sou eu pra discordar de Vinícius? - mas eu ponho fim à minha. Termino, desbanco mesmo. É minha e só a mim interessa.

Am I unsatisfied? Com certeza. Sempre, todo dia, toda hora. Satisfação é mesmice, é só ver no dicionário - ao menos em um dos significados. E eu não gosto de mesmice, não gosto do que acaba, não gosto de coisas prontas e decididas. Talvez quando tiver 70 anos, se chegar lá. Ou no leito de morte, quando tiver vivido tudo o que tinha pra viver e não tiver mais tempo de fazer nada além de olhar em volta e pensar: eu vivi. E nunca achei o suficiente.

"Just let me wake up in the morning
To the smell of new mown hay
To laugh and cry, to live and die
In the brightness of my day

I wanna hear the pealing bells
Of distant churches sing
But most of all, please free me from this aching metal ring
And open out this cage towards The Sun"

Elton John, Skyline Pigeon

Acabou. Boa sorte!

Em pleno 2020, em plena pandemia, em um momento onde a maioria está passando por uma mudança radical em suas vidas, resolvi voltar aqui e s...